A Justiça Federal condenou um proprietário rural, um piloto agrícola e uma empresa a pagarem, solidariamente, R$ 150 mil à Comunidade Indígena Tey Jusu, vítima de aplicação irregular de agrotóxico em 2015. A tribo fica localizada em Caarapó, 270 quilômetros ao sul de Campo Grande e é a primeira de Mato Grosso do Sul a ser indenizada por danos morais coletivos.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), os autores foram condenados com base no Inquérito Policial nº 0015/2016, instaurado para apuração do delito de aspersão de agrotóxicos em descumprimento às exigências estabelecidas na legislação.
Não é permitida a aplicação aérea de agrotóxicos em áreas situadas a uma distância mínima de quinhentos metros de povoações. A aspersão causou, em crianças e adultos, dores de cabeça e garganta, diarreia e febre.
Os membros da comunidade relataram que o avião sobrevoou os barracos de sete famílias, derramando o agrotóxico diretamente sobre elas. Depois, sobrevoou outros barracos junto a uma plantação de milho.
A Justiça concordou com o argumento do MPF, de que os barracos de lona dos indígenas estavam localizados a menos de 500 metros de distância do local onde ocorreu a aplicação de produtos agroquímicos. Muitos estavam a apenas 30 ou 50 metros de distância da lavoura.
Os réus sustentaram que a culpa pela intoxicação seria das vítimas, ao argumento de que os indígenas teriam se afastado da aldeia localizada a mais de 500 metros da área de aplicação do produto para adentrar a lavoura exatamente no dia e hora da aspersão. (João Fernandes com Folhapress)