Como em todo começo de ano, chuvas trazem à tona problema crônico da capital

chuvas
Foto: Nilson Figueiredo/O Estado MS

Como medida definitiva, bacias de contenção estão sendo construídas 

Como em todo começo de ano, principalmente no mês de janeiro, as chuvas trazem à tona um problema crônico de Campo Grande: os alagamentos. Na chuva intensa e que durou menos de uma hora na quinta-feira (4), o acumulado de 65,6 mm causou transtornos em mais de 12 pontos da cidade. Inclusive, pás carregadeiras, motoniveladoras, caminhões caçamba e cerca de 70 trabalhadores amanheceram nas ruas, nesta sexta-feira (5).

Conforme o município e como em todo ano, nos locais onde são necessárias intervenções mais pesadas, a alternativa é a execução de obras emergenciais, para sanar o problema sazonal, como o ponto de alagamento entre a ponte dos bairros Jardim Colorado e Pênfigo. Outra medida adotada é a limpeza e reparo das bocas de lobo, uma das causas.

“Na maioria das vezes, o entupimento do sistema de captação da água da chuva é provocado pelo excesso de lixo como plásticos, garrafas, restos de poda de árvores e de grama, por isso a importância de a população colaborar, evitando jogar esses materiais nas ruas.”

Onde há ocorrências frequentes de alagamentos estão sendo construídas bacias de amortecimento. A função das bacias de contenção é, justamente, segurar a água da chuva e reter a pressão da enxurrada. Já existe uma “em atividade” desde dezembro, do córrego Reveilleau, na esquina das avenidas Mato Grosso e Hiroshima.

De acordo com a Secretaria, “a obra foi fundamental para conter o assoreamento do lago do Parque das Nações Indígenas e acabar com o alagamento da Via Park, na altura do Shopping Campo Grande. É a maior bacia de amortecimento construída em Campo Grande e a primeira no sistema gabião”, garantiu, em nota.

Entretanto, nossa equipe esteve no local e constatou que a obra ainda não esta finalizada. O local é conhecido popularmente como “piscinão”. Os moradores do bairro Carandá Bosque reclamam da falta de planejamento.

Uma moradora de 52 anos, da rua Hiroshima, que preferiu não se identificar, relatou, ao jornal O Estado, os transtornos com a obra, que já dura dois anos. “Minha casa foi construída há quatro anos, não sabíamos, na época, da possível instalação desse ‘piscinão’. Quando as obras começaram, nenhuma construtora veio consultar os moradores em volta”, desabafou.

Cansada de todos os dias “brigar” com a poeira da areia deixada pela construção, o monte de terra fica bem em frente à vista da sala da moradora, que já perdeu empregada doméstica que não aguentou a poeira. “A casa é recém-constuída, só precisaria passar por uma nova pintura em 10 anos, mas em quatro anos, o imóvel que era branco ficou todo sujo. Só na parte de pintura, o prejuízo é de R$ 50 mil”, reclamou.

Outras estruturas de retenção estão em fase de construção, e vão contemplar os bairros Jardim Noroeste, North Park e Nova Campo Grande. Inclusive, a que está sendo feita no Noroeste, ainda na fase inicial da obra, já enfrentou problemas com outra chuva que caiu sobre a Capital, no dia 20 de dezembro, que além de “varrer” parte do serviço feito, abriu uma cratera que chegou a invadir a avenida dos Urupês.

Serão investidos R$ 9,4 milhões na construção dessa bacia de contenção do córrego Cascalho, com capacidade de armazenamento de 8.735,81 m³, além de drenagem e pavimentação da avenida dos Urupês. Segundo moradores, a água das enchentes do córrego Cascalho desce do Noroeste e acumula nas ruas da Chácara dos Poderes, que não têm pavimentação asfáltica, principalmente na rua EW02.

O Jardim Noroeste também foi atingido pela chuva de quinta-feira e as ruas, mais uma vez, ficaram intransitáveis. A esperança é que a bacia seja finalizada e o problema, amenizado. Morando há cinco anos no bairro, Fátima da Silva, de 68 anos, afirma que todas as vezes que chove ela fica ilhada. “Quando começa a chover, os moradores já vão se atentando e se preparando para ficar ilhados no bairro, porque o buraco aberto no meio da via impede que as pessoas passem. Durante as chuvas de quinta-feira foi uma correria para não deixar a água entrar em casa. De fato, essa construção só piorou a situação do bairro, que já é esquecido”, disse.

Defesa Civil

De acordo com a Defesa Civil, a última chuva ocasionou nove chamados de corte de árvore para desobstrução de vias e um atendimento social com entrega de lona. Entre os 12 locais que receberam a força-tarefa estavam dois pontos da avenida Ernesto Geisel, a João Arinos, Cônsul Assaf Trad, Rachid Neder, os vizinhos Jardim Columbia e Noroeste, Vivendas do Parque, na Dolor Ferreira de Andrade, Lino Villacha, Francisco Coutinho; avenida Aracruz e avenida Nosso Senhor do Bonfim.

Por Kamila Alncântra e Thays Schneider 

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