A véspera do Dia dos Namorados, em Mato Grosso do Sul, foi marcada pela queda de 50% no movimento do comércio e isso pode ter relação com o decreto estadual divulgado na quinta-feira (10), que tornou obrigatório que municípios adotem as regras impostas pelo Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia), como o fechamento de atividades não essenciais e toque de recolher estendido.
A informação foi repassada, ontem (11), pelos representantes da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande) e da FCDL-MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul). “No momento em que foram modificadas completamente as regras já gerou impacto no comércio, nessa sexta-feira, e já vimos as ruas vazias. De manhã, acreditamos que perdemos em torno de 20 milhões de movimento que poderíamos ter caso o Estado não tivesse feito a publicação”, explicou o presidente da CDL-CG, Adelaido Vila.
O Dia dos Namorados é considerado o terceiro melhor evento para o setor que quase teve de fechar as portas na véspera da data comemorativa. É que o decreto publicado na quinta-feira determinava que as cidades adotassem medidas mais restritivas conforme as bandeiras do Prosseguir a partir de sexta-feira. Porém, a pedido dos municípios, o governo do Estado adiou o início das restrições para o domingo (13) até o dia 26 de junho.
Adelaido criticou que Campo Grande, que está na cor cinza, deve ter quase um mês de restrições, já que o avanço nas classificações do Prosseguir ocorre em sequência, ou seja, se o município está na bandeira cinza e, apresenta melhoras nos indicadores segue para a vermelha, cor em que o decreto também determina o fechamento. “Essa classificação também não permite que as atividades varejistas e atacadistas possam acontecer, isso significa que ficaríamos, no mínimo, 28 dias sem poder ter as nossas atividades de sobrevivência. Caso Campo Grande permaneça nessa bandeira cinza nós ficáramos mais tempo nessa situação sem poder trabalhar.” Segundo dados levantados pela entidade, antes da pandemia, Mato Grosso do Sul tinha 122 mil empresas com CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), em junho de 2020 esse número caiu para 94 mil, e já em março de 2021 foi para 92 mil. “Acreditamos que teremos uma perda de 25% a 30% das empresas e perder isso significa desempregos”, ressaltou Vila.
A presidente da FCDL-MS, Inês Santiago, disse que o decreto é inconstitucional, já que, segundo ela, a competência de abertura e fechamento de atividades é dos municípios e não do governo do Estado. “Vamos levar à apreciação do Poder Judiciário, sabemos que o caminho é espinhoso, mas não vamos nos intimidar”, disse.
Texto: Mariana Ostemberg e Clayton Neves