Leve e de linguagem coloquial, normalmente sendo encontradas em jornais ou revistas, as crônicas tiveram um auge (e seu devido espaço) nas publicações e acompanharam por muito tempo a difusão da imprensa, retratando o cotidiano da sociedade no decorrer dos anos. Iniciando na edição de amanhã, os alunos do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, com apoio de três professoras de língua portuguesa, abrem no caderno de Arte&Lazer do Jornal O Estado a coluna “Mato Escritores do Sul”, resgatando o sentimento da época de ouro do gênero e expondo seus interesses e pontos de vista.
“Vamos fazer uma coletânea com as produções dos alunos do IF. São diversos gêneros e cada semestre a ementa traz um determinado gênero para trabalharmos; tem semestre que são crônicas; artigo de opinião; dissertativo/ argumentativo… e pensamos entre as três professoras: “por que a gente não tenta organizar o trabalho desses alunos em uma coletânea digital?’”, explica uma das professoras orientadoras, Andreia Dias de Souza.
Exaltando a produção dos jovens escritores, Andreia ressalta o ideal por trás do projeto, que estimula a leitura e escrita também entre os demais alunos que ainda não fazem parte desse projeto. “Resolvemos colocar como uma etapa de um projeto maior, porque quando você fala em sala que iremos publicar no jornal, dá significado, eles não pensam: ‘minha crônica vai ficar ali e só o professor vai ler. Mais pessoas vão ler minha mensagem’. Nas turmas que eu trabalhei senti o empenho deles em escrever e melhorar a escrita deles”, diz.
Em visita ao Instituto, a empolgação e ansiedade com o início das publicações se mostrou latente entre os alunos, como é o caso da escritora Jéssica Gonçalez Ribeiro, autora da 1° crônica da coluna que estreia na edição de amanhã. “Acho que é uma oportunidade para a gente ver o que a gente tá errando dentro da língua portuguesa mesmo, que é uma matéria, trazermos isso e conseguir melhorar de alguma maneira, melhorar nossa escrita e mostrar isso para as outras pessoas”, destaca.
“Minha crônica é sobre um amor não correspondido e – na verdade, não fui eu quem escolheu o tema – estava conversando com uma amiga que eu não tinha a menor ideia do que iria escrever. Ela me deu essa ideia, disse que eu poderia fazer um bom trabalho, eu tentei e deu certo”, revelou Jéssica sobre a publicação de amanhã.
Susie Sato Santana, professora orientadora, aponta a relevância da escrita que é exaltada através da publicação: “eu acredito no significado que eles vêem para a escrita, porque aqui no ambiente escolar eles podem ter a sensação de que a escrita é só para as professoras, no caso, e na verdade não é, porque vamos escrever o resto das nossas vidas. Pode escolher engenharia, medicina, mas nós vamos escrever e teremos um público alvo”.
“Eu sempre gostei bastante da língua portuguesa, acho bacana quanto à decorar regra e acentuação e aí – já escrevia um pouco por conta de RPG, mas odiei escrever a história, gênese do personagem – quando a professora surgiu com a ideia da crônica fiquei tipo ‘Wow’ (surpresa)”, aponta ainda a aluna Larissa Rodrigues Barbosa.
Gabriel Augusto da Silva Leal, que também compõe o grupo de escritores, pontua também: “Eu sempre fui bem fascinado por escrita, por arte num total e eu sempre quis ter essa chance de publicar algo meu, anotar ideias para algum tipo de história, romance, só que nunca consegui colocar nada no papel. Acho que isso é uma oportunidade para desenvolvermos nossa narrativa, nossa escrita e realmente ter essa voz para conseguirmos publicar”.
“A expectativa que eu tenho é que, além do protagonismo, crie-se uma prática de leitura, porque ao mesmo tempo que eles são autores, os colegas também vão perceber que eles estão publicando, vão querer buscar, querer saber qual o texto da semana e isso, além de recuperar o contexto de publicação da própria crônica, de ir para o jornal – que muito se perdeu hoje em dia, na nossa região, os jornais de circulação daqui -, essa prática de leitura, dos alunos quererem ler os textos dos outros, também publicar os próprios textos. Acho que isso vai ser um ambiente interessante para eles se constituírem como escritores”, afirma a terceira professora do projeto, Jaqueline Alonso.
Visando, enfim, o bem-estar desses jovens, Susie Sato finaliza: “Acho que independente da profissão que eles escrevam, a relação com a escrita tem um laço maior e que eles acabam perdendo um pouco do medo, que alguns alunos não se vêem capazes de escrever e o projeto não só incentiva a escrita como também mostra que outras pessoas se interessarão pelos textos deles, então trabalha a autoestima também, o que acho fantástico para eles”. (Leo Ribeiro)
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