Cães voluntários recuperam doentes em Mato Grosso do Sul

Pensando no bem-estar da comunidade que há sete anos o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, desenvolveu o projeto “Cão Herói-Cão Amigo”, que atua em Campo Grande e Coxim. Na capital o projeto é itinerante e passa por três instituições uma vez por semana. São elas: Cotolengo, Escola Municipal Mucio Teixeira e Hospital São Julião. Nossa reportagem visitou a Entidade Cotolengo, que dá assistência às crianças e adolescentes com paralisia cerebral grave. O programa “Cão Herói – Cão Amigo” trabalha no local com duas situações distintas, de acordo com a Major Helena Barros, coordenadora do Projeto. “Temos o trabalho com a fisioterapia, ajudando pacientes com possibilidade de evolução, e fazemos uma atividade lúdica para entreter e dar alegria para as crianças, cuja condição de saúde não tem mais condições de evoluir”, explica.

Na ala de fisioterapia, o cão que auxilia os profissionais é o Golias, um Golden retriever de seis anos, que é levado pela Mônica, dona do animal e voluntária do projeto, toda sexta-feira. Há dois anos ela participa da interação do cão com os pacientes, fazendo com ele que ajude nos estímulos. Ali, qualquer movimento, é uma conquista enorme. A função do Golias é ser uma porta de entrada que facilita o contato com o profissional. O trabalho fisioterapêutico é exaustivo e doloroso para os pacientes. A major compara o esforço com um adulto carregando um volume de 50 quilos durante uma hora. “O cachorro ajuda a distrair a criança e também dá uma motivação para que ela se mova apesar da dor”.

Os resultados da terapia com os cães, baseado na interatividade e assistência do tratamento fisioterapêutico, são animadores. Há casos de pacientes que chegaram sem qualquer mobilidade e que depois, graças ao tratamento, conseguem se sentar e reagir aos estímulos. É bom observar que este é um tratamento contínuo. Alguns pacientes estão na instituição desde crianças e hoje já são jovens/adultos. “É uma rotina de trabalho constante”, atesta o sargento Thiago Kalunga, que participa ativamente da parte lúdica do projeto.

Ao contrário do que se imagina, os cães que fazem parte do programa do Corpo de Bombeiros não pertencem à corporação, nem ficam confinados em um só local. Todos eles têm donos e moradias particulares. Mas estão lá para serem voluntários. “Nenhum cão aqui mora em canil”, explica a major Helena. Antes de entrar para a corporação como voluntários, eles passam por uma espécie de teste de personalidade, para saber se são dóceis e se gostam de interagir com as pessoas. Depois disto eles são treinados para o trabalho. Não há raça específica. Obviamente existem raças que são mais afeitas ao convívio como os Golden retriever, labradores, poodle, pastor alemão, collie, lhasa apso e outros. Entre a tropa do Corpo de Bombeiros encontramos até um Akita, muito bem comportado.

Conhecida no mundo todo como “Terapia assistida por animais” – TAA foi utilizada intuitivamente por William Tuke, em 1792, no tratamento de doentes mentais. No Brasil originou-se com a médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs em 1997, fundadora da Abrazoo (Associação Brasileira de Zooterapia). Ela conta com o auxilio de voluntários que atuam com a interação dos animais (cães, gatos, coelhos) com crianças e adolescentes de hospitais ou instituições. (Rafael Belo com assessoria)

Fotos: Saul Schramm

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