Brumadinho: Novos indiciamentos vão ocorrer depois de junho

Novos indiciamentos sobre as investigações da tragédia de Brumadinho (MG) só devem ocorrer depois de junho, conforme a Polícia Federal (PF). Um balanço dos trabalhos foi apresentado na última sexta-feira (17).

Em setembro do ano passado, já havia sido anunciado o desmembramento dos trabalhos e 13 pessoas foram indiciadas por falsidade ideológica e uso de documentos falsos: sete eram funcionários da Vale e seis da consultoria Tüv Süd, empresa alemã que assinou laudo atestando a estabilidade da barragem. A apuração de crimes ambientais e contra a vida tiveram sequência. Segundo a PF, o indiciamento por homicídio depende da conclusão da perícia de engenharia que esclarecerá quais os motivos da ruptura da barragem.

“Há uma estimativa de que esta perícia seja concluída até junho, mas gostaria de ressalvar que ela começou efetivamente após o fim da coleta de dados, no mês de dezembro”, afirma o delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira, chefe das investigações e da Delegacia de Prevenção aos Crimes contra o Meio Ambiente. “Somente a partir daí poderemos dizer se houve crime de homicídio, seja doloso ou culposo”, esclareceu.

Desde a tragédia, ocorrida em 25 de janeiro do ano passado, 259 corpos foram resgatados. A maioria dos mortos eram trabalhadores da própria Vale ou de empresas terceirizadas que prestavam serviço para a mineradora. Permanecem desaparecidas onze pessoas e o Corpo de Bombeiros prossegue com as buscas. A avalanche de lama também destruiu comunidades, devastou vegetação e poluiu o Rio Paraopeba, que abastece parte da região metropolitana da capital mineira.

O grande desafio, segundo a PF, é esclarecer qual foi o gatilho da liquefação, isto é, o que fez com que o rejeito, que estava sólido dentro da barragem, se convertesse em fluído. Para alcançar essa resposta, parcerias têm sido firmadas fora do país. Em novembro do ano passado, com intermediação do Ministério Público Federal (MPF), foi anunciado um acordo com a Universidade Politécnica da Catalunha, sediada em Barcelona, na Espanha. Pesquisadores da instituição estrangeira estão responsáveis por um trabalho de modelagem e simulação por computador para identificar as causas do rompimento da barragem.

Responsabilidades em torno da tragédia já foram investigadas em relatórios de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), instaladas no Senado, na Câmara dos Deputados, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e nas Câmaras dos Vereadores de Brumadinho e Belo Horizonte. Os documentos foram encaminhados para órgãos públicos como o MPF e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que têm a atribuição de formular denúncias à Justiça.

(Texto: Izabela Cavalcanti com informações da Agência Brasil)

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