Deputado chega a pedir demissão do diretor-presidente da Agraer
Deputados bolsonaristas de Mato Grosso do Sul repudiaram a ocupação da FNL (Frente Nacional de Luta do Campo e Cidade) em uma fazenda na região de Japorã- -MS e demais cidades do país, no último fim de semana. A Fazenda “Fernanda” foi alvo de ocupação no sábado (18). O prefeito de Japorã, Paulo Franjotti, disse que a permanência do grupo no local não durou mais que 20h, pois havia poucas pessoas expulsas logo no domingo (19). O prefeito não soube dizer quem havia expulsado o grupo da localidade.
O movimento realizou ocupações em fazendas dos estados de São Paulo, Mato Grosso, Alagoas e no Paraná. Chamada de “Carnaval Vermelho”, a ação, segundo nota divulgada pela FNL, reivindica “terra, trabalho, moradia e educação, por meio da ocupação de terras que já foram reconhecidas como públicas pela Justiça, porém ainda permanecem abandonadas sem cumprir seu uso social”.
O prefeito de Japorã disse ao jornal O Estado que soube poucos detalhes sobre o fato. “A ocupação não durou mais de 20h, porque haviam poucas pessoas, cerca de 60 ou 70 pessoas. E acabou vindo um pessoal contrário a esse movimento e expulsou eles no domingo à tarde. Eu não fiquei sabendo quem era o líder, qual movimento era.”
Franjotti afirma que nada oficial chegou até o Executivo naquela data e que a área supostamente ocupada era pequena. “Só ouvi boatos, pois não fui procurado por movimento nenhum, nem a favor e nem contra e nem ao proprietário. É uma área de terra pequena, se for muito é 120 alqueires. Então, eu não sei muito qual era o intuito disso aí.”
Na rede social, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez vídeo e prestou solidariedade aos sem-terra que ocuparam a fazenda em Japorã e foram expulsos. Segundo Boulos, eles foram retirados da área por milicianos armados. Porém, a informação não foi confirmada por auto.
ridades locais. “Em alguns lugares como em Japorã-MS, os trabalhadores foram expulsos das terras por milícias organizadas por fazendeiros, muitos deles bolsonaristas, jagunços que se organizaram de forma armada para retirar na marra os trabalhadores. Terras totalmente largadas e abandonadas, sem nenhuma função social. Toda a minha solidariedade à militância da Frente Nacional de Luta, aos trabalhadores e trabalhadoras rurais e sem terras. Vamos denunciar. É um absurdo a organização de milícias armadas em fazendas do Brasil.”
Repúdio Produtor rural, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) emitiu nota de repúdio. Nogueira disse que, durante os quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, não houve situações parecidas. Segundo ele, houve “recorde na regularização fundiária”. “Quero expressar meu repúdio em relação às ações de violência do grupo da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade que invadiram nove fazendas no Estado de São Paulo. Os quatro últimos anos foram de muito respeito e tranquilidade recorde para o homem do campo. Vamos lutar para que a paz e a segurança jurídica do produtor rural seja respeitada”, disse o deputado, que culpou o PT e a indicação de um ativista do MST (Movimento Sem-Terra) para comando do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Deputado pede demissão do diretor-presidente da Agraer
O deputado estadual João Henrique (PL) fez vídeo na tribuna da Assembleia Legislativa e disse que as ocupações ferem o direito de propriedade e trazem insegurança jurídica para o campo. Ele pede a saída do diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), o servidor de carreira, engenheiro agrimensor Washington Willeman de Souza, e culpou o governador Eduardo Riedel (PSDB) pelo fato, lembrando que o PSDB aceitou aliança com o PT nas eleições de 2022.
“Este cenário de invasões criminosas, ilegais voltaram a se instalar em nosso Estado. É a violação ao seu, ao meu direito de propriedade. E isso está ligado, diretamente, ao tipo de política, de acordo sujo, nefasto, nojento, que tem sido costurado com o PT. O governador Eduardo Riedel fez acordos com o PT, que apoia esse tipo de invasão. Temos aquele político tosco, o Guilherme Boulos, que tenta liderar um processo criminoso no nosso Estado. E isso acontece porque esse tipo de gente hoje, o líder desse movimento senta com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como o Lewandowiski e outros tantos, dando a eles a sensação de que podem tudo”, disse João Henrique.
O bolsonarista, que faz oposição ao PSDB, afirma que a Agraer não deveria ser comandada pelo PT. “Em Mato Grosso do Sul, hoje, não sei se por má-fé, por ingenuidade, mas o comando da Agraer está com o PT. Eles têm uma máquina, o mapa das minas. Ali está a cartografia do MS. De todas as terras. Ali está a política do desenvolvimento do Estado. Ali tem o mapa das terras devolutas, de terras indígenas.”
O deputado elogiou o período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve no poder e disse que mais de 450 mil títulos de terra foram entregues. Ele ainda indicou os movimentos como criminosos e pediu a cabeça do servidor que está comandando a Agraer. “Não podemos ficar reféns de políticos coniventes com este tipo de violência e a nossa Agraer na mão deles. Isso precisa ser mudado e agora.”
Sobre o assunto, o deputado estadual Pedrossian Neto (PSD) também se posicionou. “Aqui em Mato Grosso do Sul, estaremos vigilantes para que invasões de terras produtivas não voltem a ocorrer, garantindo ao produtor (pequeno, médio ou grande) segurança jurídica e tranquilidade.” O deputado Dr. Luiz Ovando (PP) afirma que as ações dos movimentos são ilegais. “É preciso respeitar a lei e os direitos de propriedade, e qualquer invasão de terras deve ser considerada uma afronta ao estado democrático de direito. Além disso, elas geram conflitos entre proprietários rurais e movimentos sem-terra, o que pode levar a episódios de violência e prejuízos financeiros.”
O que diz a Agraer? À frente da Agraer está o servidor de carreira, o engenheiro agrimensor Washington Willeman de Souza, que foi nomeado pelo governador Eduardo Riedel, após a posse. Em contato por meio de assessoria de comunicação e via ligação, nenhum questionamento foi respondido.
Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado do MS.
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