A queda do PIB foi ajustada para 5,0% sobre a retração de 6,4% calculada em julho. A previsão é do Banco Central (BC).
Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central publicado nesta quinta-feira (24) vê que há pouco ou nenhum espaço para cortar a Selic à frente, com a alta dos juros básicos sendo descartada desde que mantido o quadro para a inflação e para a disciplina das contas públicas, numa referência à regra do teto de gastos.
A nova expectativa para o PIB é um pouco pior que a estimativa oficial do Ministério da Economia, de um recuo de 4,7% para a atividade neste ano.
Para o ano que vem, o BC projetou uma alta de 3,9% para o PIB, mais otimista que o crescimento de 3,2% visto pelo Ministério da Economia.
Os agentes de mercado, por sua vez, preveem queda do PIB de 5,05% este ano e elevação de 3,50% no ano que vem, conforme boletim Focus mais recente.
No relatório, o BC pontuou que a despeito da derrocada do PIB no segundo trimestre, os indicadores disponíveis têm mostrado que a retomada após a fase mais aguda da pandemia de coronavírus, ainda que parcial, está ocorrendo mais rapidamente que o antecipado.
“Todavia, a heterogeneidade da recuperação entre os segmentos da atividade econômica continua sendo uma característica marcante”, ressalvou o BC.
A autarquia mudou pouco suas contas para o desempenho da agropecuária no ano, prevendo alta de 1,3%, sobre 1,2% antes. A maior alteração veio para a indústria, com o tombo revisado a 4,7% este ano, de queda de 8,5% anteriormente.
“A projeção para o crescimento da indústria extrativa foi alterada em virtude de impactos iniciais da pandemia da Covid-19 sobre a demanda por petróleo e minério de ferro menos intensos do que os previstos anteriormente”, disse o BC.
“A rápida recuperação de indicadores da indústria de transformação e da construção civil após recuo agudo no início do período de distanciamento social motivou as revisões no desempenho desses segmentos”, acrescentou.
Já para o setor de serviços o BC melhorou levemente a contração esperada este ano a 5,2%, de 5,3% em junho. Nesse caso, entretanto, o BC apontou para “alterações relevantes” nas estimativas para os componentes analisados.
“Destacam-se a melhora na previsão para o comércio, setor bastante relacionado à atividade industrial e ao consumo de bens pelas famílias e, em sentido oposto, os recuos esperados para outros serviços e, em especial, para administração, saúde e educação públicas”, disse.
Sob a ótica da demanda, a expectativa agora é de queda de 4,6% no consumo das famílias (-7,4% antes) e de 6,6% nos investimentos (-13,8% antes). Para o consumo do governo, a perspectiva piorou a uma retração de 4,2%, ante crescimento de 0,2% calculado no relatório de junho.
A autoridade monetária destacou que a nova projeção para o PIB deste ano considera “crescimento acentuado” no terceiro trimestre, com ajuda das medidas do governo para o enfrentamento aos impactos econômicos do surto de Covid-19.
Para os últimos três meses do ano, o BC reconheceu “incerteza acima da usual sobre o ritmo da recuperação” e apontou expectativa de arrefecimento na alta do PIB, em parte pela diminuição das transferências às famílias.
O governo estendeu até o fim do ano a concessão do auxílio emergencial a informais e vulneráveis, seu programa mais vultoso para a crise, mas cortou o valor do benefício mensal a 300 reais de setembro a dezembro, ante 600 reais distribuídos entre abril e agosto.
Em relação à estimativa para o PIB em 2021, o BC ressaltou haver incerteza acima do usual para a projeção, e disse que a perspectiva está condicionada à continuidade das reformas e manutenção do teto de gastos, pressupondo também o arrefecimento da pandemia, “com gradativa elevação da mobilidade e volta progressiva aos padrões de consumo vigentes antes do período de distanciamento social”.
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(Texto: com informações da Reuters)