São 646 ligações diárias em Campo Grande, com 91 ocorrências atendidas, em média
A situação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Campo Grande foi tema de debate, na segunda-feira (11), na Câmara Municipal de Campo Grande. A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Saúde após reclamações da população sobre a demora no atendimento que, conforme preconiza o Ministério da Saúde, deve ser de até 10 minutos após a chamada.
Em Campo Grande, atualmente, são 10 unidades básicas e outras quatro avançadas, quantidade insuficiente para atender uma população de quase um milhão de habitantes. O serviço tem um orçamento de R$ 40 milhões para este ano, sendo 68% dos cofres do município.
O coordenador-geral do Samu na Capital, Ricardo Alves Rapassi, revelou que são 646 ligações diárias, com 91 ocorrências atendidas, em média. “Tudo tem um custo. As tabelas estão desatualizadas e, por isso, sofremos muito. Não se faz Samu sem dinheiro. O Município já está sobrecarregado por esse costeio que é feito”, afirmou.
“A motivação dessa audiência foi o número de situações que vemos na cidade, principalmente em relação número insuficiente de ambulâncias. A gente sabe que o ideal é que se troque a ambulância a cada cinco anos. Hoje, há um número insuficiente. Algumas tem mais de 350 mil quilômetros rodados. A mais nova tem quatro anos. O grande objetivo aqui é buscar uma alternativa para que Campo Grande atenda em sua plenitude”, disse o vereador Dr. Victor Rocha, presidente da Comissão de Saúde e proponente da audiência.
Segundo o superintendente do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul, Ronaldo Costa, a frota em Campo Grande está sucateada. “Isso não é surpresa. Os repasses estão sendo feitos regularmente. A troca das ambulâncias está sendo feita regularmente, como acontece em todo lugar do Brasil. São renovadas, automaticamente, a cada cinco anos. Todas as ambulâncias precisam passar por revisão mensal. Isso não tem sido feito em nossa cidade”, apontou.
Costa cita que, há oito anos, a Corregedoria-Geral da União constatou uma série de inconformidades no Samu na Capital. Neste ano, o Ministério da Saúde realizou uma auditoria e também flagrou irregularidades.
“O Município que não fez o cuidado adequado não comprou novas ambulâncias. Se não manter sua frota funcionando adequadamente, as pessoas vão perder sua chance de vida. Isso é uma irresponsabilidade sanitária”, alertou.
No ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação de 30% dos valores repassados para custeio do Serviço. Com o reajuste, o total destinado ao serviço passou de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,7 bilhão por ano.
Para o vereador Prof. André Luís, a Câmara atua para achar soluções, e não apontar culpados. “Não queremos achar problemas, mas soluções. Queremos atender Campo Grande. Não estamos para punir ou brigar, mas para colaborar, dentro da nossa possibilidade, para resolver esse problema. Para isso, precisamos entender. Nos chegam diariamente questionamentos sobre vários temas. Precisamos ter uma palavra de certeza para saber o que está acontecendo”, disse.
Segundo o diretor-técnico da Santa Casa, William Leite Lemos Junior, “o Samu que queremos é aquele que vai trazer o paciente no tempo adequado e estável”. “O que vemos, é que, muitas vezes, temos uma demora na chegada desse paciente. Estamos ali para receber o paciente. Isso mostra que temos algum descompasso nesse atendimento. O Samu que queremos é um que tenha um dimensionamento adequado de equipes e viaturas.”, defendeu.
A secretária Municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, colocou a pasta à disposição para resolver os problemas no Samu. “Temos muitos problemas, mas, acredito que vamos conseguir equacionar. Gestão e financiamento andam juntos e temos que analisar isso com bastante cautela. Posso garantir que a Capital do Mato Grosso do Sul tem investido no Samu”, afirmou.
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