O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou essa semana a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos relativa ao mês de fevereiro. O documento mostra que o valor dos alimentos em conjunto subiu por todo o país; Campo Grande teve a segunda alta mais expressiva entre as capitais (2,78%), atrás apenas de Porto Alegre (3,40%).
O custo da cesta básica na capital sul-mato-grossense chegou ao valor de R$ 678,43. A mais cara continua sendo a de São Paulo, por R$ 715,65, mas Campo Grande é destaque novamente quando se levam em consideração as variações de preço nos últimos 12 meses. Entre fevereiro de 2021 e 2022, a cesta na Cidade Morena ficou 23% mais cara, a maior alta no país nesse período.
Produtos da cesta
Em Mato Grosso do Sul, chama a atenção a alta de 48,40% da batata, a maior observada em todo o território nacional. O item foi o principal responsável por elevar o preço médio da cesta básica, mas outros alimentos contribuíram para a situação.
O feijão aumentou em todas as capitais analisadas, tanto o carioquinha (em função da redução das áreas cultivadas) quanto o preto (aumento da demanda). Café, óleo de soja e carne bovina aumentaram na maioria das cidades, incluindo Campo Grande. O único item que teve queda por aqui foi a manteiga (-1,51%).
Relação com salário mínimo
A pesquisa mostrou também a relação de desvalorização dos salários dos trabalhadores em relação a poder de compra. O tempo médio para adquirir os produtos da cesta aumentou e foi calculado em 114 horas e 11 minutos. Para comparação, em janeiro o tempo estimado era de 112 horas e 20 minutos; já em fevereiro de 2021, a jornada necessária foi calculada em 110 horas e 22 minutos.
O trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu 56,11% do seu rendimento para adquirir a cesta básica no mês passado, mais do que em janeiro (55,20%) e fevereiro de 2021 (54,23%, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00).
Por fim, tomando por base o preço da cesta mais cara, que é a de São Paulo, o Dieese calculou qual seria o valor do salário mínimo ideal para que brasileiros e brasileiras pudessem arcar com os gastos de alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Levando em conta as altas de fevereiro de 2022, o salário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.012,18, ou 4,96 vezes o mínimo atual de R$ 1.212,00.