Após meses em chamas, chuvas apagam incêndios no Pantanal

De 2.659, número de focos caiu para 345 ontem (16)

Depois de arder por mais de quatro meses, o Pantanal voltou a respirar na quinta-feira (15) após a chuva que caiu sobre Mato Grosso do Sul. Entre a alegria e a emoção – há vídeos divulgados na internet de brigadistas e bombeiros chorando –, o que era esperado aconteceu: a água vinda dos céus apagou boa parte dos focos de incêndio no bioma, que chegou a registrar a menor incidência deste ano. 

Em números, a queda foi mesmo significativa. De 2.659 focos de incêndio contabilizados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na quarta-feira (14), a queda foi maior que a metade no dia seguinte, com 1.064 pontos. Até o fim da tarde de ontem (16), foram 345 focos registrados. 

É a menor incidência de queimadas do Pantanal sul- -mato-grossense registrada em um dia se comparado com 2019 e 2020. Isso depois de o bioma apresentar os números mais altos de queimadas em outubro desde 2002, conforme revelou o jornal O Estado. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a outubro, 27% do Pantanal foi consumido pelo fogo, em um total de 4,117 milhões de hectares, sendo 1,902 milhões deles em Mato Grosso do Sul. 

Para Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, é preciso estar alerta e ter cuidado com os raios, pois ainda há muita massa seca na região. Ele ressaltou que “permanecem vigentes, até 31 de janeiro de 2021, as portarias que proíbem a queima controlada, mesmo para aqueles que já tenham autorização”. 

“Temos de ficar em alerta e ter cuidado com os raios, pois ainda há muita massa seca e só com a chuva permanente teremos condições mais tranquilas, daí a importância de as equipes permanecerem vigilantes”, comentou Verruck. Franciane Rodrigues, coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), informou que a atenção é necessária pelas condições climáticas. “Mas devemos manter atenção redobrada com relação às condições adversas do tempo, pois há previsão de alta incidência de raios, ventanias, granizo. Temos previsão de chuva até 31 de outubro, com acumulados de até 50 milímetros e ênfase na região pantaneira”, informou. 

A partir daí até o fim do mês, a intensidade de chuva aumenta ainda mais, podendo variar entre 50 e 100 milímetros. 

“A gente não pode declarar fogo extinto. Os nossos procedimentos demandam alguma vigilância na região, esperando volumes maiores de chuva para começar a pensar na desmobilização das equipes. O Pantanal tem uma quantidade muito grande de matéria orgânica acumulada e os incêndios subterrâneos ainda persistem. Precisa chover mais para que a água chegue até essa camada”, afirmou Alexandre Pereira, do Prevfogo. 

Ação e futuro 

Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, apresentou os números finais da Operação Focus, desencadeada por meio de parceria entre Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), para apurar os incêndios nas áreas rurais de Mato Grosso do Sul, que concentra ações em propriedades localizadas nas regiões de Nhecolândia e Nabileque, no Pantanal. 

Em cerca de um mês, foram percorridos 8,7 mil km em todo o Pantanal, passando por 40 propriedades rurais. Foram presas três pessoas em flagrante, por estarem ateando fogo à vegetação e confirmada a origem de focos de incêndio em 19 locais. 

Segundo o Imasul, os focos existentes em todas as propriedades rurais foram levantados por meio de imagens de satélite e análise temporal, que foram cruzadas com outros bancos de dados, possibilitando a identificação das fazendas, dos donos e da área total atingida pelos incêndios. 

“Aplicamos R$ 35 milhões em multas, numa operação conjunta promovida para combater, fiscalizar e punir. Já estamos trabalhando a em um plano de prevenção e combate aos incêndios florestais, nos mobilizando junto ao governo federal para implantar uma estrutura permanente no Pantanal”, disse o secretário. 

“Algumas coisas ficaram evidentes para nós. Os focos do Pantanal não se deram por combustão espontânea. Pode ser por acidente, mas ele não decorre de um fenômeno natural. E o Brasil, incluo nisso Mato Grosso do Sul, não tem uma estrutura de planejamento e combate a incêndios florestais dessas dimensões. Tudo que foi possível ser alocado, na questão de incêndios florestais do Pantanal, foi”, completou Verruck. 

Para o ano que vem, o secretário realçou que o governo do Estado já prepara a formatação de um plano de trabalho preventivo de combate e controle aos focos de calor, por meio de uma força permanente com toda a estrutura proposta pelo governador Reinaldo Azambuja ao ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

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(Texto: Rafael Ribeiro)

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