Anvisa libera Mounjaro para emagrecimento; tratamento pode custar até R$ 2,3 mil por mês

Foto: REUTERS/George Frey/File Photo
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Fabricado pela Lilly, medicamento à base de tirzepatida passa a ser indicado a adultos com obesidade ou sobrepeso associado a comorbidades, além do uso já aprovado para diabetes tipo 2

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu, na bula do medicamento injetável Mounjaro, a indicação para controle de peso em adultos sem diabetes. A decisão, publicada nesta segunda‑feira (9), autoriza médicos a prescreverem a tirzepatida a pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m² — faixa de obesidade — ou a partir de 27 kg/m² quando houver comorbidades relacionadas ao excesso de gordura corporal.

Até então, o fármaco, lançado no Brasil em 2023, era restrito ao tratamento do diabetes tipo 2. Com a nova indicação, o Mounjaro integra a mesma categoria das chamadas “canetas emagrecedoras”, ao lado de Ozempic e Wegovy (semaglutida) e Saxenda (liraglutida). Diferentemente dos demais, a tirzepatida combina dois agonistas hormonais (GLP‑1 e GIP), característica destacada pelo diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Alexandre Hohl. Para ele, a mudança “consolida a geração de medicamentos que podem modificar totalmente a vida das pessoas que vivem com excesso de adiposidade”. Ele acrescenta: “A tirzepatida é inovadora, pois utiliza um duplo mecanismo hormonal (GLP‑1 e GIP), enquanto as moléculas anteriores utilizam apenas o GLP‑1. Todas são moléculas eficazes e seguras, sendo que agora temos um arsenal terapêutico mais amplo e com isso mais pessoas podem ser beneficiadas”.

O preço, contudo, segue como principal obstáculo. Nas farmácias, o tratamento mensal com as canetas de Mounjaro varia de R$ 1,4 mil a R$ 2,3 mil, conforme a dosagem. Outras opções custam de R$ 600 a cerca de R$ 1 mil. Mesmo com a eficácia comprovada nos estudos clínicos, especialistas alertam que o medicamento não substitui mudanças de estilo de vida. “Tem que manter uma alimentação adequada, tem que fazer exercício físico. Ou seja, não adianta só tomar esse remédio e não fazer outra parte. E por melhor que essas drogas sejam, elas têm seus efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, embora possivelmente tenham um efeito de proteção renal e hepática e sejam seguras do ponto de vista cardiovascular e psiquiátrico”, afirma Fábio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Gestantes e mulheres que amamentam continuam fora do público‑alvo: não há testes que comprovem a segurança da tirzepatida nessas situações. Profissionais de saúde também reforçam que o uso deve ser acompanhado por médicos e, sempre que possível, integrado a programas de reeducação alimentar e prática regular de atividade física.

*Com informações da Agência Brasil

 

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