A vacina da AstraZeneca/Oxford está suspensa temporariamente para aplicação em gestantes e puérperas no país, o que limitou a vacinação à mulheres com comorbidades e apenas com a CoronaVac e Pfizer. Porém, antes disso, alguns países da Europa já haviam tomado atitude semelhante para investigação de casos de formação de coágulos sanguíneos. Atualmente, além do Brasil, Noruega também está com a vacina suspensa de forma temporária enquanto a Dinamarca interrompeu definitivamente o uso.
Conforme o divulgado pela CNN Brasil em março, pelo menos 15 países europeus chegaram a suspender o uso do imunizante. Países como Itália, Portugal, Alemanha, França, Holanda e outros faziam parte dos governos que interromperam o uso do produto. Portugal, por exemplo, chegou a anunciar que houve relatos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas. Dinamarca e Noruega também informaram casos.
Na ocasião, o laboratório responsável pela produção chegou a divulgar que analisou os dados de 17 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e no Reino Unido e que essas informações não apontaram evidências de risco aumentado para trombose ou embolia pulmonar. Deste número de imunizados, foram detectados 15 eventos de trombose venosa profunda e 22 eventos de embolia pulmonar. O número é menor do que o esperado para ocorrer dentro deste quantitativo de população vacinada.
Neste mês, porém, alguns países voltaram a usar o imunizante da Oxford. Conforme o publicado pela Folha de São Paulo, a Alemanha retomou a vacinação para todos os adultos, mesma ação adotada na Bélgica. A medida está sendo estudada também na França. Por outro lado, o Reino Unido anunciou restrição do imunizante.
Após o relatos graves, porém raros, de coágulos sanguíneos, a agência reguladora da Europa apontou que os números de efeitos colaterais do tipo são muito baixos se comparado ao número de mortes que é evitada ao utilizar o imunizante. Na prática, os benefícios da vacina são maiores que os riscos. Mesmo com a recomendação da agência, pelo menos 12 países europeus restringiram o uso do imunobiológico aos mais velhos.
Risco X Benefício
Na coletiva da última terça-feira (11), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destacou que a suspensão da vacina da AstraZeneca era por precaução. O mesmo tom foi adotado pela coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Franciele Francinato, que participou da coletiva e afirmou que o caso ainda está em investigação para esclarecer se o imunizante tem alguma relação com a morte de uma gestante, que foi imunizada.
Por este motivo, dados foram apresentados para mostrar que os riscos de eventos graves das vacinas contra Covid-19 são muito menores do que o risco de morte provocado pelo coronavírus. Além disso, até o dia 9 de maio deste ano, conforme o ministério, foram relatados 11 eventos graves relacionados ao uso das vacinas.
Destas, 2 foram da AstraZeneca, 8 da CoronaVac e 1 da Pfizer. De eventos não graves, foram registrados 397, sendo 150 da AstraZeneca e 247 da CoronaVac. Não há relatos de mortes até então.
Morte de paciente
Ontem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou o Ministério da Saúde que o caso de AVC (Acidente Vascular Cerebral) da paciente do Rio de Janeiro pode ser relacionado ao uso de vacinas com adenovírus como é o caso das vacinas de Oxford/AstraZeneca, aprovadas para uso no Brasil.
A bula do imunizante fornece dados insuficientes para que se possa relacionar o fato com a vacina. Por este motivo, a agência recomendou a suspensão. No entanto, a morte segue em investigação.
“Esse caso está em fechamento, faltam alguns detalhes em relação a exames laboratoriais que estão em investigação para o fechamento conclusivo deste caso”, afirmou coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Franciele Francinato.