O município de Campo Grande foi oficialmente reconhecido a partir do dia de hoje (29) como a Capital Nacional do Chamamé, título concedido após sanção presidencial ao PL (projeto de lei) 4.528/2019. Estilo musical tipicamente argentino, o chamamé viajou quilômetros, cruzou a fronteira gaúcha, até se tornar um dos mais tradicionais gêneros para o povo sul-mato-grossense.
“O chamamé se consagrou, sobretudo, em Campo Grande, expandindo para algumas outras cidades e, posteriormente, por meio de entusiastas que passaram a se organizar em grupos de intérpretes. Dentre eles, Zé Corrêa, precursor do chamamé, sendo o mais representativo e popular artista do gênero musical no Brasil entre as décadas de 60 e 70, tendo difundido o ritmo na Capital de MS, de modo que ficou instituído o Dia Estadual do Chamamé”, diz a nota da Secretaria-geral da Presidência da República.
“Mas ao meu ver, considero o mérito da introdução do chamamé no Estado veio de Amambay e Amambaí. Por toda essa história, considero o decreto um justo reconhecimento do papel do chamamé na cultura de MS e pelo Brasil”, declarou Gustavo Cegonha, presidente da FCMS (Fundação de Cultura de MS). “É um grande orgulho para todos nós”.
O texto presidencial, por sua vez, também destaca e faz menção que a cultura chamamezeira também se expressa artisticamente pela dança de mesmo nome. Na língua guarani, significa “improvisação” – e dá-lhe gingado bonito. Ao lado da polca paraguaia, guarânia e do rasqueado sul-mato-grossense, o chamamé é a “cara” do Estado.
“Ele tem antecedentes históricos que remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência, e o ciclo da ‘erva mate’, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes”, explicou Orivaldo Mengual, presidente do Instituto Cultural Chamamé MS.
Em 2017, o chamamé foi oficialmente declarado pela FCMS “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado”, com o Dia Estadual do Chamamé comemorado em 19 de setembro de cada ano. No Mercosul, o gênero também se destaca enquanto “Patrimônio Cultural”.
Já para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o chamamé também se enquadra como “Patrimônio Cultural da Humanidade”.