Sendo compartilhada mais de nove mil vezes – só no perfil do poeta e produtor Vini Williyan, que primeiro publicou sobre –, a história do jovem Kayque, que pôs seus desenhos à venda no portão de casa, tem tomado proporções que nem mesmo o adolescente, que dirá seus pais esperavam. O jovem de 14 anos, morador do Zé Pereira, buscou na arte de seus traços uma alternativa para custear o sonho de desenhar e também, com isso, ajudar a família.
Durante uma visita à casa da família, no bairro Zé Pereira, a equipe do caderno de Artes&Lazer do jornal O Estado conversou com a mãe e também com os dois irmãos menores, que têm se inspirado e buscado o desenho ao ver que Kayque Alexandre Amâncio Rodrigues, tem chego cada vez mais perto de seu sonho, devido ao grande apoio nas redes sociais e da própria mídia local, que tem exibido os traços do garoto pelas páginas dos jornais, sites de notícia e, de acordo com a mãe, a procura também da mídia televisiva da Capital. “Eu falei para ele se concentrar, caprichar no desenho. O pessoal tem pedido bastante os desenhos dele, como do Naruto, Dragon Ball… tem até adulto que gosta”, conta descontraída a mã.
“As oportunidades que eu estou tendo agora que me motivaram – e motivam – a continuar. Eu estou ganhando material, as pessoas estão me motivando, mandando mensagens para eu não parar, para continuar. Estão me ajudando com dinheiro para comprar telas, tintas…”, explica Kayque.
Sobre a relação com a arte, para seguir seu sonho, entre idas e vindas, Kayque expõe que: “eu já desenhava e parei no ano passado, só voltei este ano”, e quando questionado sobre o que o fez parar, o estudante revelou que: “No momento eu não tinha folhas. Eu queria ajudar aqui em casa e comprar tela. Eu tinha um monte de desenhos ano passado que consegui vender na minha outra escola. Fiquei com poucos e parei de vender até agora, daí, aqui no Carlos Garcia, às vezes os colegas compram meus desenhos ou então me pedem para fazer atividades de artes, que eles me dão 1 real, 1,50”, revela.
Podendo aperfeiçoar a técnica, Kayque ganhou uma bolsa para curso de desenho de mangás, além do custeio de todo o material necessário para a oficina. “Eu vou fazer um curso, que começo no sábado, e pretendo seguir no caminho da arte. Os traços de mangá eu escolho porquê é o que consigo desenhar mais fácil, eu tentei desenhar pessoas, mas não consegui ainda”.
Desenhando à lápis, de suas aspirações e desejos, o estudante do 8º ano da Escola Municipal Carlos Garcia de Queiroz conta ainda que: “queria um computador e uma impressora, para tirar as cópias dos desenhos. Através desse reconhecimento eu vou ganhar um tablet, para desenhar também no digital e queria usar o computador”.
Para quem estiver passando sábado pelo bairro Zé Pereira, Kayque aponta que uma nova exposição para a venda de desenhos deve acontecer. “Eu vou pegar os desenhos e deixar com minha mãe, porque vou para o curso às 8h. Talvez novamente ali no portão”, onde tudo começou, finaliza.
(Texto: Leo Ribeiro)