Um adolescente de 14 anos está entre os alvos da megaoperação deflagrada nesta terça-feira (15) em Campo Grande contra um grupo criminoso que atuava por meio de plataformas criptografadas, como Discord e Telegram, além de outras redes sociais, para incitar adolescentes à automutilação coletiva, crueldade contra animais, ódio e ataques violentos.
A ação é coordenada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão na capital sul-mato-grossense. O adolescente investigado seria responsável por conectar participantes aos desafios virtuais lançados nas plataformas. Ele não foi localizado até o momento.
A operação ocorreu simultaneamente em sete estados brasileiros: Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, totalizando cerca de 20 mandados de busca e apreensão, 2 prisões temporárias de adultos e 7 internações provisórias de adolescentes infratores.
De acordo com a investigação, o grupo oferecia “recompensas” simbólicas para aqueles que mais se engajavam nos desafios criminosos, criando uma espécie de ranking entre os participantes. Em Mato Grosso do Sul, a polícia apreendeu provas digitais importantes, que agora passarão por análise pericial.
Os suspeitos podem responder por uma série de crimes, como associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução ou instigação à automutilação (art. 122, §4º), maus-tratos a animais (art. 32 da Lei de Crimes Ambientais), entre outros. As penas somadas ultrapassam 10 anos de prisão.
Tragédia no DF reacende alerta
O caso mais grave até agora foi registrado no Distrito Federal, onde uma menina de 8 anos, Sarah Raissa Pereira de Castro, morreu após inalar desodorante em spray, seguindo um desafio viral. A prática, conhecida como “desafio do desodorante”, incentiva crianças e adolescentes a inalarem o produto por tempo prolongado, muitas vezes enquanto filmam a ação para redes sociais.
A menina foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) no último dia 10 e teve morte confirmada no domingo (13). O caso é investigado pela 15ª Delegacia de Polícia, que tenta identificar os responsáveis pela publicação do desafio. “Um inquérito foi instaurado e todas as circunstâncias da morte estão sendo apuradas”, afirmou o delegado Ataliba Neto.
A Polícia Civil reforça o alerta para que pais, responsáveis e educadores fiquem atentos aos conteúdos acessados por crianças e adolescentes nas redes. O uso de plataformas anônimas e criptografadas dificulta o monitoramento, o que exige ainda mais vigilância e diálogo constante dentro das famílias.
A investigação prossegue em sigilo, mas a polícia já confirmou que novas diligências estão previstas nos próximos dias.
Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram
Leia mais
Mulher é vítima de tentativa de feminicídio em ponto de ônibus em Itaquiraí