Vacinação contra COVID-19 faz coleta de lixo hospitalar voltar a ter aumento na Capital

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Pandemia e legislação fez 2020 registrar o menor índice de recolhimentos desde 2013

O início da vacinação contra a COVID-19 e a retomada da normalidade após um ano de restrições por conta da pandemia fizeram com que a coleta de lixo hospitalar nas unidades municipais da Capital tivesse um aumento até julho deste ano na comparação direta com 2020.

Segundo dados obtidos por O Estado junto à Solurb, concessionária responsável pelo serviço na cidade, a média de recolha de lixo hospitalar mensal no ano, contando dados até julho, último mês com os números tabulados, é de 71,5 toneladas. Em 2020, esse índice ficava em 60,3 toneladas.

Mesmo contando os cinco meses sem dados ainda contabilizados neste ano, até agora somente fevereiro teve um total de toneladas recolhidas de lixo hospitalar maior em 2020: 62,88 ante 60,4.

Em números absolutos, já são 500,9 toneladas de lixo hospitalar recolhido pela concessionária em 2021. Em todo o ano passado, o número fica em 723,56 toneladas. Considerando os dados até julho, foram 373,52 toneladas.

A Solurb é responsável apenas pela coleta de resíduos hospitalares gerados nas unidades administradas pela Secretaria Municipal da Saúde. Entretanto, é a pasta de responsabilidade da gestão Marquinhos Trad (PSD) que administra a aplicação das vacinas contra o coronavírus aos campo-grandenses.

Segundo a secretaria, até o início da tarde de ontem (3), 619.414 pessoas haviam recebido a primeira dose da vacina contra a COVID-19. E outras 434.137 já haviam recebido a segunda aplicação ou dose única do imunizante. Para cada um deles, por exemplo, são contadas uma seringa e uma agulha descartadas.

“Esse aumento é referente até mesmo a uma procura maior nos postos de saúde por conta da situação de lotação dos hospitais. E isso acaba gerando mais resíduos, com certeza”, disse Bruno Velloso Vilela, gerente operacional da Solurb.

De acordo com Vilela, houve poucas alterações na estrutura operacional da concessionária. As mudanças foram de logística, com a inclusão de novos pontos de recolha de resíduos hospitalares, como os drive-thru montados em parques como o Albano Franco e Ayrton Senna, e as barreiras sanitárias nas entradas da cidade. “Em algumas unidades também houve aumento da frequência de coleta por conta da demanda”, disse o representante da Solurb.

Historicamente, a coleta de lixo hospitalar vem apresentando queda na Capital desde 2015. Naquele ano foram 126,05 toneladas ante 159,91 toneladas em 2014. Há duas explicações para o fato. Naquele ano, a gestão municipal de Alcides Bernal (Progressistas) enfrentou a suspensão dos serviços após acusação da Solurb de atraso nos pagamentos do serviço, que só foram reestabelecidos após interferência do Ministério Público Estadual.

Em 2019, houve a mais brusca redução na quantidade dos resíduos por conta da chamada Lei dos Grandes Geradores, em que a prefeitura deixou de arcar com a coleta de empresas ou órgãos públicos que produzam mais de 200 litros ou 50 quilos diários de lixo.

A exigência consta na Lei Federal nº 12.305, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Em Campo Grande, a Lei Complementar Municipal nº 209 instituiu o Código Municipal de Resíduos Sólidos e o Decreto nº 13.653, de dezembro do ano anterior, regulamentou a obrigatoriedade de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos rejeitos.

“A partir de setembro daquele ano houve uma redução por conta da prefeitura determinar o não recolhimento dos resíduos nas unidades estaduais, federais e alguns filantrópicos que a gente coletava, como a Santa Casa. Então isso gerou uma diminuição expressiva na quantidade. De lá para cá a gente diminuiu a estrutura, até porque a gente coletava quase o dobro do que antes”, disse Vilela.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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