Streaming vira preferência nacional e TV por assinatura encolhe no Brasil

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Número de domicílios com plataformas digitais já é quase o dobro do que mantêm TV paga, segundo dados do IBGE

O hábito de ver TV no Brasil está mudando de canal. Cada vez mais o controle remoto aponta para o streaming. Segundo a mais recente pesquisa do IBGE, cerca de 32,7 milhões de domicílios brasileiros já são assinantes de alguma plataforma digital de vídeo sob demanda. Isso representa 43,4% das residências com pelo menos um aparelho de televisão no país. Em contrapartida, o número de casas com TV por assinatura caiu para 18,3 milhões, o equivalente a 24,3%.

Os dados fazem parte de um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgado nesta quinta-feira (24), e mostram uma tendência que se consolidou ao longo da última década: o declínio da TV paga tradicional e o avanço do streaming. Desde 2016, o número de lares com assinatura de TV caiu 17,6%, atingindo agora o menor índice desde o início da série histórica.

Um dos dados mais reveladores da pesquisa é a mudança nos motivos apontados pela população para não assinar TV paga. Se antes o custo elevado era a principal barreira, hoje o desinteresse lidera com folga. Em 2016, 56,1% diziam não assinar por causa do preço; em 2024, esse percentual caiu para 31%. Já os que simplesmente não veem mais sentido no serviço saltaram de 39,1% para 58,4%. Para o IBGE, isso está diretamente ligado à popularização de outras formas de consumo de conteúdo, como os serviços de streaming.

Ainda que o IBGE não investigue diretamente as razões desse desinteresse, o analista Gustavo Geaquinto Fontes considera evidente a influência das plataformas digitais, que oferecem séries, filmes, desenhos e eventos sob demanda, com maior flexibilidade e sem a grade fixa da TV convencional.

O levantamento também revela que o perfil das casas com acesso ao streaming é marcado por maior renda. Enquanto nos lares com o serviço digital o rendimento mensal por pessoa é de R$ 2.950, nos que não têm, a média é de R$ 1.390. A desigualdade regional também aparece: a presença de streaming é maior no Sul (50,3%), Sudeste (48,6%) e Centro-Oeste (49,2%), e mais baixa no Norte (38,8%) e Nordeste (30,1%).

A pesquisa mostra ainda que a presença de streaming não exclui outras formas de acesso à televisão. Em quase 87% dos lares com plataformas digitais também há sinal de TV aberta. Já 39,7% ainda mantêm canal por assinatura. Um dado que chama atenção: 8,2% desses domicílios abriram mão totalmente da televisão tradicional — aberta ou paga — e hoje dependem exclusivamente do streaming para ver conteúdos audiovisuais.

O estudo também identificou uma leve retração na presença de televisores nos lares brasileiros. Embora o número absoluto de casas com TV tenha aumentado (de 65,5 milhões em 2016 para 75,2 milhões em 2024), a proporção caiu: de 97,2% para 93,9%. Do total, a maioria recebe sinal digital ou analógico de TV aberta, e 21,3% ainda usam antena parabólica. Apenas 1,5% das residências depende exclusivamente da parabólica.

*Com informações da Agência Brasil

 

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