Com a meta de fiscalizar 19 mil imóveis até a próxima sexta-feira (17), a Sesau (Secretária Municipal de Saúde) mobilizou cerca de 280 agentes de endemias para mutirão de combate a dengue. A secretaria divulgou o resultado do Liraa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti) nesta semana, que mostra grande parte das regiões da cidade em situações de risco a alerta. O Iracy Coelho recebeu nesta quarta-feira (15) agentes para visitar casas e recolher materiais que pudessem virar criadouros de mosquitos.
Conforme os dados do Liraa, a área com maior incidência está na região sudeste, principalmente no bairro Iracy Coelho e agregados. Comparado ao ano passado, a Capital está com o dobro de áreas sob alerta, além de apresentar cerca de sete regiões em situação de risco, até a data da divulgação, na terça-feira (14).
De acordo com a coordenadora da área da UBSF (Unidade Básica da Saúde da Família) do Iracy Coelho, Silvana Cristina de Oliveira, de 48 anos, o bairro apresenta situações críticas e vem sendo monitorado já algum tempo. A região do Centenário é onde está concentrada grande parte dos focos, no qual a equipe está se ‘desdobrando’ para fazer um bom trabalho. “Somente nessa área aqui, coordeno sete supervisores e 35 agentes de endemias, realmente, estamos intrigados com o tamanho da incidência, mas aqui é um bairro mais ‘humilde’ e, então, existe muita sujeira por todo lado. Na parte do Centenário é onde está nossa dificuldade, a gente vai a essas casas e passa as orientações para os moradores, tiramos os focos, mas o cuidado também deve partir deles”, relata Silvana.
A região do Iracy Coelho apresenta cerca de 10,3 de IB (Índice Breteau) e 8,6% (Índice de Infestação Predial), ocupando o primeiro lugar do Liraa e já classificado com alta incidência e risco. O supervisor e também agente de endemias, Anderson Patrick Timóteo Pedraza, de 32 anos, pontua que a área é a mais crítica e concentra em certa parte mais acúmulo, tanto por parte dos moradores, quanto para destinação de lixo em terrenos baldios.
O agente ressalta que grande parte dos focos são encontrados nos quintais como entulhos jogados, plantas e objetos que já não estão mais em uso dos moradores. “Essa região é de boa aceitação, escolhemos o Centenário pois realmente a situação por ali está bem crítica. Eu e a minha equipe fazemos as vistorias, eliminamos os focos e passamos as orientações de prevenção, mas aqui, como é uma região humilde, existe muito acúmulo de sujeira, às vezes nem é lixo, são aqueles objetos que a gente encontra e pensa que vai usar, mas acaba deixando de lado. Digo que estamos fazendo nossa parte, a incidência aqui está alta, começamos o mutirão ontem e o número de focos encontrados é grande”, fala Anderson.
Cada um faz a sua parte
A naturalista Idalina Pereira da Silva, de 50 anos, acredita que o trabalho dos agentes de endemias está sendo feito, mas pontua que a maior parte do combate tem que vir da população. “Penso que se cada um fazer a sua parte, a gente consegue ter um resultado bom futuramente. Não podemos isentar a responsabilidade que temos sobre isso, digo, não adianta eu me prevenir e meu vizinho deixar o seu cantinho sujo e infestado, se alguém da minha casa tiver dengue, automaticamente esse morador também tem sua parcela de culpa. A gente sempre quer colocar a culpa em fulano e ciclano, mas acaba esquecendo dos próprios deveres”, diz Idalina.
A aposentada Adelina Lourenço da Silva, de 65 anos, diz que toma os cuidados necessários e sempre que recebe visita dos agentes, segue a risca as orientações e leva em conta que se todos contribuírem, o combate ao mosquito é mais preciso. “Aqui em casa, fazemos a prevenção, limpamos o quintal diariamente e, com esse tempo chuvoso, cuidamos para que não fique água empossada em nenhum lugar. Já tive dengue duas vezes e faço o possível para que aqui não tenha focos, pois temos cachorros e existe possibilidade de doença até para os bichinhos”, relata a aposentada.
(Texto: Graziella Almeida)