A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) confirmou ontem (27), ao jornal O Estado, que as amostras coletadas em 19 de junho em Campo Grande, em uma criança de um ano de idade, que apresentava sinais suspeitos para a febre maculosa, deram negativo para a doença. Mesmo assim, a Capital ainda possui 15 casos em investigação.
Vale lembrar que o paciente chegou a um hospital da rede particular com sintomas como febre, náuseas e vômitos, além de dores no corpo e um histórico de viagem recente para o município de Guia Lopes da Laguna, onde circulou tanto por áreas urbanas quanto rurais e, por isso, foi considerado suspeito. Vale lembrar, que os dados disponibilizados pela secretaria mostraram que, de 2012 a 2022 foram notificados 55 casos e apenas seis foram confirmados.
O último registro foi em 2018, no qual a pessoa veio a óbito.Diante da possibilidade de novas infecções, a SES/MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) emitiu, no dia 22 de junho, uma Nota Técnica Informativa para conscientizar a população quanto à prevenção, forma de transmissão e principalmente quanto ao tratamento da doença.
A nota esclareceu que a febre maculosa pode acometer qualquer pessoa de qualquer idade, desde que fique exposta ao carrapato contaminado.
No entanto, a população de 20 a 49 anos é a mais atingida, principalmente homens, com relatos de exposição a carrapatos e a animais silvestres, sendo, então, mais preponderantes à contaminação pela doença. O alerta também vale para animais domésticos que frequentaram ambientes de matas, rios ou cachoeiras e que, infelizmente, não estão livres do hospedeiro.
Sintomas comuns dificultam o diagnóstico
Conforme a Dra. Carolina Martins Neder, infectologista pediátrica da Unimed Campo Grande, ao encontrar um carrapato fixado à pele é preciso ter cuidado antes e após a remoção do animal. Ela destaca que a doença é causada por uma bactéria encontrada em carrapatos, os sintomas da doença podem ser confundidos com os de outras enfermidades. Por isso, saber as distinções faz toda a diferença para iniciar o tratamento.
“É importante pontuar que a doença infecciosa não é sempre letal, mas estar bem informado, buscar orientação médica se perceber algum sintoma e entender que não há motivo para alarmes são medidas essenciais. É uma doença infeciosa febril aguda, transmitida por uma bactéria chamada Rickettsia e mais comum na região Sudeste do Brasil. O carrapato é o veículo que faz essa bactéria ser transmitida. Na teoria, qualquer carrapato pode transmitir a bactéria, mas a concentração maior é no carrapato-estrela, conhecido, no Centro-Oeste, como micuim”, revelou.
A especialista ainda destaca que o carrapato tem fases e a maior chance de alguém ser infectado por um deles é quando ainda é filhote, pois a picada não dói, podendo até ser confundido com uma pinta.
“Para o carrapato começar a transmitir a doença ele precisa ter ficado, pelo menos, quatro horas no corpo de alguém. Após 3 a 4 dias, a maioria das pessoas começa a apresentar exantemas (pintas), geralmente nos punhos e tornozelos, que vão ficando arroxeadas e se espalham para o centro do corpo. Esse sintoma é um diferencial. Algo necessário de enfatizar é que não dependemos de exames para o início do tratamento pois, se assim fosse, perderíamos tempo precioso. Por isso, havendo a suspeita de febre maculosa, outras doenças são descartadas e o paciente é tratado”, finalizou.
Por – Michelly Perez
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