A estilista britânica Vivienne Westwood, morreu nesta última quinta-feira (29), aos 81 anos. Conhecida pela influência no estilo e na estética punk e por seu ativismo ambiental, ela estava em sua casa, em Londres, segundo um comunicado dos seus representantes.
Westwood nasceu na vila de Tintwistle, em Derbyshire, na Inglaterra, e se mudou para Londres com a família nos anos 1960, com 17 anos. Em 1962, ela se casou com Derek Westwood, com quem teve um filho e de quem herdou o sobrenome com o qual ficou conhecida.
Sua vida começou a mudar em 1965, após um divórcio, quando ela conheceu o então estudante de arte Malcolm McLaren, e passou a se dedicar à moda. Os dois ficaram juntos por 18 anos, e tiveram um filho, mas nunca se casaram.
Uma das figuras mais emblemáticas do punk britânico, McLaren foi empresário e um dos principais responsáveis pelo sucesso do Sex Pistols, que desencadeou toda uma cena de música jovem, rebelde e agressiva no país. Na biografia “Vivienne Westwood”, ela descreve o relacionamento dos dois como destrutivo, mas feliz, com muitas brigas, e tratando o artista como uma pessoa de personalidade infantil.”Não choro desde a época em que vivia com Malcolm. Ele precisava me ver chorar todos os dias. Não conseguia sair de casa sem tentar me deixar chateada. Então parei. Sinto inveja das pessoas que conseguem chorar”, disse a estilista ao veículo Observer em 2014.
Ícone do punk
Autodidata, Westwood vendia bijuterias e roupas usadas no famoso mercado da Portobello Road antes de abrir sua primeira loja com McLaren, chamada Let it Rock, em 1971. Mas foi a partir de 1974, quando o casal abre a polêmica e seminal boutique Sex, na King’s Road, que eles começam a ganhar destaque na capital inglesa.
Além de camisetas com mensagens provocantes, de Westwood e McLaren, a loja também vendia peças consideradas obscenas, incluindo roupas fetichistas. O espaço ganhou fama entre a juventude roqueira, e tinha entre seus frequentadores os integrantes do Sex Pistols, que se reuniram para tocar em 1975 sob mentoria de McLaren -o nome da banda, a propósito, foi escolhido a partir da loja.
Westwood idealizou o visual do grupo, que desencadeou uma revolução musical com o sucesso da música “God Save the Queen”, e acabou servindo de vitrine para a loja, depois rebatizada de Seditionaries. O estilo incluía as camisetas com mensagens anti-sistema e uma pegada DIY -o “do it yourself” ou “faça você mesmo”-, incorporando o sentimento punk da época.
A estilista foi pioneira e um ícone do estilo que foi tachado pela imprensa como uma afronta aos bons costumes, mas que influenciou nomes como Mick Jagger, Iggy Pop, David Bowie e Debbie Harry, entre outros. Foi Westwood quem criou o símbolo do movimento anarquista -o famoso círculo com a letra A.
Com a incorporação do punk pelo mainstream, Westwood e McLaren seguem novos caminhos e fazem seu primeiro desfile em 1981, em Londres. No ano seguinte, a estilista se tornou a segunda inglesa a desfilar uma coleção em Paris.
Uma das peças mais conhecidas desta época é a camiseta estampada com a recriação de uma foto da rainha Elizabeth II com uma tarracha na boca. A roupa foi criada a partir da mesma imagem que estampa a capa de “God Save the Queen”.
Sua primeira coleção depois da separação de McLaren veio em 1985, e a partir dali ela se consolidou como uma estilista de alta costura. Ao longo das décadas, seus desfiles mostravam referências a vestimentas históricas e faziam paródias das elites britânicas.
Na década de 1990, fez um diálogo entre França e Inglaterra, num movimento chamado de anglomania. São dessa época os desfiles memoráveis de aomi Campbell usando plataformas de quase 23 cm, em 1993, e Kate Moss fazendo topless e tomando sorvete com o rosto inteiro como Maria Antonieta, em 1994.
Westwood viu seu faturamento crescer depois que um vestido assinado por ela apareceu em “Sex and the City – O Filme”, comédia romântica lançada em 2008. A peça de seda cor de champanhe, usada pela personagem Carrie Bradshaw, foi responsável por alavancar as vendas da marca Vivienne Westwood em quase 20% de um ano para o outro.
Rainha da estética punk, Westwood era conhecida por seu comportamento livre. Numa de suas histórias mais conhecidas, a estilista foi ao Palácio de Buckingham receber uma homenagem no que parecia um look comportado. Ela deixou claro aos fotógrafos, no entanto, que estava sem calcinha a rodar sua saia. “Desde os primeiros dias do punk nos anos 1970, tenho sido uma ativista contra a guerra e pelos direitos humanos”, disse ela, em entrevista em 2020
Militância ambiental
Militante ambiental, a britânica manifestou apoio a protestos brasileiros em 2013. “As pessoas estão frustradas com o excesso de consumismo e a falta de valores mais profundos. É preciso ir para as ruas para mudar isso”, disse a este jornal na época.
Westwood também afirmou à Folha de S.Paulo, naquele ano, que o movimento punk foi, no fundo, “uma revolução de marketing”. “Ajudou a vender muitos pinos de metal”, disse.
“E eu me cansei do punk rock quando vi que a única anarquista era eu. No fundo, os caras só queriam se divertir”, confessa Westwood.
Com informações da Folhapress
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