Moradores em situação de rua sob a ponte da Avenida Manoel da Costa Lima com Avenida Ernesto Geisel foram desalojados na manhã de ontem (17), por equipes da prefeitura. As ações foram coordenadas pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), em conjunto com a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), que foi até o local para remoção do lixo.
Conforme a SAS, um plano de ação que está sendo executado desde março visa construir o processo de saída das ruas de forma planejada, continuada e permanente, possibilitando acesso à rede de serviços e acolhimento emergencial.
Para Márcia de Oliveira, 36 anos, moradora do local, as ações de despejo ocorreram de forma indevida e desumana. “Nós não trouxemos doença para a cidade, nós não pegamos o coronavírus até agora, nós estamos vivendo bem aqui, sem correr risco de nada. Querem nos tirar daqui e nos levar para corrermos risco. Estão nos retirando sem que possamos recolher as nossas coisas, eu estou descalça. Não é certo eles nos recolherem daqui sendo que não incomodamos ninguém, os comércios vizinhos nos ajudam, gostam de nós”, afirmou.
Segundo a moradora, as pessoas temem para onde serão encaminhadas. “Os guardas são testemunhas que as pessoas que davam trabalho antes, nós retiramos daqui da ponte, agora só estão aqui as pessoas que trabalham”, disse. “Moro aqui há seis anos e não sei para onde vou e nem como vou sobreviver”, lamentou.
Questionada sobre a ação, a SAS informou que está desenvolvendo um trabalho social com as pessoas que se abrigam na região, que visa sensibilizar sobre a saída de lá. Também informou que ofertou os serviços da política de assistência social, como o trabalhado no Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua), acolhimento institucional e as comunidades terapêuticas. “Importante salutar que o local também é utilizado para o uso de drogas, logo, possui um fluxo de circulação de pessoas, que por ali apenas transitam. Todavia, houve a recusa das pessoas que ali habitam para o acolhimento institucional e atendimento na Unidade”, informou a nota.
Quem aceita a oferta é encaminhado para um dos seguintes endereços: Cetremi (Centro de Triagem do Migrante e População em Situação de Rua), Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli, Centro Dia e Escola Municipal Doutor Plínio Barbosa Martins. A nota ainda reiterou que a distribuição de alimentos, dinheiro e roupas “mantêm as pessoas mais tempo na rua, sustenta vícios (bebidas e drogas), estimula a mendicância, não resgata a cidadania e não contribui para o processo de saída da rua”.
(Texto: Mariana Moreira)