Diante do aumento expressivo de casos e mortes pelo novo coronavírus, a prefeitura de Campo Grande endureceu as medidas restritas. Nos fins de semana, só poderão funcionar estabelecimentos considerados essenciais e o descumprimento vai gerar punição para o proprietário do estabelecimento. A medida vale até o dia 31 de julho. O ‘semi’ lockdown visa preservar o número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Capital reduzindo os acidentes de trânsitos, mais frequentes a noite e nos fins de semana, como explicou o prefeito Marquinhos Trad em entrevista ao O Estado. Em função do novo decreto, os setores afetados estão avaliando como se adaptar ao novo cenário gerado pela pandemia.
Para a reportagem, o prefeito explicou que houve uma flexibilização, mas que agora, o grupo técnico que norteia as ações do município indicou a necessidade de regramento. Por esta razão, foram adotadas medidas para reduzir a taxa de ocupação nos leitos de UTI da Capital visando a redução dos acidentes de trânsito, uma das causas mais frequentes de pacientes internados. Desta forma, sobram mais leitos para tratar os infectados por COVID. “Os números são incontestáveis, quando o toque de recolher era 22h, entraram na Santa Casa, 84 politraumatizado na sexta sábado e domingo. No mesmo período, quando passou para 20h, passou para 39, uma diferença de quase 52%. Por isso as medidas são necessárias”, afirmou. Marquinhos ainda destacou que os comerciantes que desrespeitarem, terão seu estabelecimento fechado por três dias. “Se reincidir, por sete dias, e se reincidir de novo, vamos fechar, e vamos caçar o alvará”, alertou.
Para a médica infectologista do COE Estadual (Centro de Operações de Emergência do COVID-19), Mariana Croda, o lockdown adotado por outros países é a medida mais eficaz com rápido resultado, e, em sua avaliação, com um modelo mais flexível, Campo Grande está se arriscando. “Pode ser que seja possível sim ter um controle do vírus com essas medidas, mas é arriscado, nós teremos que esperar para ver. O grande problema é não dar certo e perder tempo, passando esses 14 dias e ter que fazer o lockdown”, comentou. Mariana aponta a situação como um jogo de tentativas de certos e erros. “Campo Grande optou em correr riscos para ver se dar certo, se não der, faz o lockdown. A gente vai ver o resultado no final desses 14 dias, se tiver várias pessoas que contraíram o vírus agora, com as medidas restritivas, tende a diminuir o número de transmissão”, pontuou.
Setores afetados
O presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Adelaido Vila, afirmou que foi necessário restringir varias questões comerciais.”É mais um grande desafio para todos nós que temos como sábado o melhor dia da semana, mas é melhor assim do que perder duas semanas com lockdown”, falou. Adelaido ainda disse que a câmara pede ao prefeito mais punição aos infratores. “Que essas pessoas sejam punidas, não adianta mandar ir pra casa, se não o comércio vai continuar pagando por isso. Dois sábados fechados e com redução de uma hora na semana vamos deixar de faturar uns 70 milhões nesses 14 dias”, lamentou.
O presidente da Abrasel-MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Juliano Wertheimer lamentou que o setor sofra com a medida por conta de uma parte pequena que foi irresponsável. “Os restaurantes foram embarcados em uma restrição que aconteceu por causa do mau comportamento de alguns poucos bares e vários clientes. A responsabilidade é muito da população e de um ou dois empresários irresponsáveis que abriram fora da norma”, desabafou. Ele ainda reiterou os tipos de locais que mais vão ter prejuízos com o decreto como pizzarias e restaurantes especializados em sushi e massas. “Quando você tem um restaurante que abre às 19h e fecha às 20h, ele não abre mais. Na [Avenida] Bom Pastor, a maior parte dos restaurantes não abriram”, destacou.
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(Texto: Dayane Medina e Rafaela Alves)