Pesquisa aponta 80% dos estudantes querem disciplina sobre desinformação

Alunos do ensino superior, da Faculdade Estácio de Sá, desenvolveram durante o ano de 2019-2020 uma pesquisa de iniciação científica com a temática “Erro jornalístico, desinformação e ética: o olhar dos futuros comunicadores”. A pesquisa teve como objetivo principal a reflexão de como futuros jornalistas e publicitários pensam sobre um dos fenômenos mais preocupantes da sociedade atual, a desinformação, ou melhor, a popularmente conhecida “Fake News”.

A temática foi escolhida pelos estudantes de Jornalismo e Publicidade Propaganda (PP), Diego Marques e Felipe Jara, que procuraram a professora Lisa Rodrigues, docente da disciplina de Cultura das Mídias, manifestando o interesse pelo assunto das “fake news” que eles diziam despertar muito a atenção e curiosidade. “Achei importante a iniciativa e procura pela desinformação ter vindo dos próprios alunos que, incomodados com o fenômeno, se viam aflitos em entender para poder combater a disseminação das informações falsas” disse a professora Lisa (doutora em Comunicação pela USP).

Após alguns meses de estudo outros estudantes se juntaram, caso de Carlos Guilherme Ferreira (Jornalismo) e Adjairo Arruda, 2º semestre (PP), que revela: “ao concluirmos a pesquisa chegamos ao veredito de que muitos acadêmicos de Comunicação, sentem dificuldades para identificar uma desinformação e fazer a checagem se uma informação está correta ou não”. De acordo com ele, a investigação denuncia que é preciso não apenas falar sobre o assunto, como propor ações para que os futuros profissionais da comunicação possam de fato atuar no campo profissional com maior segurança e capacidade de discernimento.

A maioria dos universitários que participaram da pesquisa (48,8%) afirmaram desconhecer agências de fact checking (aquelas que analisam se uma informação é verdadeira ou não). Já para 46,3% dos estudantes acreditam que deveria existir uma disciplina específica que tratasse mais sobre a identificação e combate à desinformação.

Para Diego Marques, aluno do 6º semestre de PP, a investigação reflete que os estudantes dos cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo (FESCG) têm opiniões bem diversificadas quanto aos assuntos que dão nome a pesquisa. “Por exemplo, os futuros publicitários não se acham responsáveis em relação à desinformação nas redes sociais e aplicativos, eles acreditam que essa responsabilidade é, exclusivamente, do jornalista” declarou Diego.

Outra temática que veio à tona foi a ética, pois houve diferença na pesquisa quantitativa (formulários) em que a ética foi entendida de maneira geral como valores e comportamentos imutáveis e na qualitativa (entrevistas) houve alterações no entendimento de seu papel na vida profissional que depende da situação em que o profissional do jornalismo ou publicidade se encontram, além de esbarrar na questão mercadológica e de sobrevivência, ela se torna mutável.

A repercussão da investigação ultrapassou os muros da faculdade e os participantes da pesquisa criaram o perfil na rede social instagram @fakenao.pesquisa para divulgação dos resultados assuntos e obras relacionadas a desinformação.

Por fim, na apresentação dos resultados na III Jornada Interdisciplinar Hipóteses da Faculdade Estácio e I Seminário Regional Centro Sul de Pesquisa o estudo acabou levando um prêmio de “Honra ao Mérito” pela relevância do assunto dentre várias investigações apresentadas pelas faculdades participantes de vários estados do Brasil.

(Texto: Letícia Rodrigues)

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