“Cinco minutos depois que começa a chuva, você não vê mais o asfalto ou o meio-fio, de tanto que enche de água”. Esse é o relato da comerciante Maria do Nascimento. Ela tem um brechó na Rua Francisco Antônio de Souza, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande, e, quando começar a chover, tem que fechar o comércio, porque a via fica completamente alagada. Assim como ela, outros moradores do bairro ouvidos pela reportagem destacaram a angústia que vivem na temporada de chuva.
A rua em questão é asfaltada, mas alguns outros trechos no entorno ainda estão sem a pavimentação asfáltica e, segundo a comerciante, é por isso que o local inunda. A equipe de reportagem do Jornal O Estado esteve no bairro e conferiu a via ainda com os resquícios da chuva, com muita terra e pedras.
“A patrola da prefeitura passa aqui para tirar a terra, mas no outro dia chove. Coitado dos comerciantes, sofrem”, desabafou Maria.
Quem também sofre com a enxurrada dos últimos dias é o auxiliar contábil, Guilherme Gomes. Ele mora na mesma rua do comércio da Maria há quatro anos e, na sexta-feira passada (22), viu a casa dele ser tomada pela água.
“A chuva veio rápido, entrou em casa e eu perdi meu sofá, molhou embaixo e não deu tempo de arrastar”, lamentou. Guilherme ainda contou que, no dia da chuva, a água invadiu uma Belina que passava pela via e em outros três carros.
Cansado de ver a casa inundada, o vizinho de Guilherme, Athaíde Santos, fez uma “barreira” para tentar impedir que a água entrasse na residência. Com a ajuda do irmão, Leonardo Martins, ele colocou madeira e pedra no portão e, ainda, está construindo uma mureta na varanda.
“Foram dois dias seguidos de chuva. Se não tivesse aqui, eu ia perder tudo. No outro dia, a chuva não afetou tanto minha casa por causa da barreira que eu fiz”, explicou Athaíde.
Outro trecho que alaga é a Rua Cachoeira do Campo, que fica próxima à Rua Francisco Antônio de Souza. Conforme os moradores, o local também fica intransitável por conta da enxurrada. Carlos Alberto Romero, é presidente do bairro Vila Fernanda, que fica na mesma região, e teme que com a grande quantidade de chuvas, o asfalto comece a ceder.
“A gente aciona a prefeitura para a limpeza da boca-de-lobo, mas é só chover e volta tudo de novo. O prejuízo para a via vai ser muito grande, porque uma hora vai começar a soltar o asfalto. Sem contar que os comerciantes não podem trabalhar quando chove, porque alaga”, ressaltou.
Questionado sobre a situação dos moradores do Portal Caiobá, o secretário da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese, explicou que tenta viabilizar recursos para drenar e asfaltar o entorno das ruas que alagam.
“Precisa da drenagem e o asfalto no entorno que a água vai para cima dessas ruas que estão asfaltadas. Estamos tentando viabilizar recursos, mas ainda não temos esses recursos assegurados. Enquanto não tivermos, não tem como assumir o prazo”, explicou.
(Texto: Mariana Ostemberg)