O Ministério da Saúde anunciou na tarde de hoje (25) ações voltadas à prevenção, diagnóstico e tratamento da hanseníase – atividades provenientes da campanha “Janeiro Roxo”. Durante a pandemia de COVID-19, a pasta identificou queda nos registros de novos casos dessa doença altamente infecciosa, crônica, mas curável – que causa, sobretudo, lesões de pele e danos irreversíveis aos nervos.
Segundo o representante do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) Nereu Mansano, a baixa nos números esconde um grande alerta. “Nem sempre a queda de taxa de detecção é boa notícia. Nos últimos dois anos, [a redução] se deve a menor procura do diagnóstico. Isso aumenta o risco de o paciente estar em uma fase mais avançada e com maior risco de sequelas”, ressaltou.
Enquanto em 2019 foram confirmados 27.684 novos diagnósticos de hanseníase, em 2020 o número foi de 17.979. Segundo o boletim epidemiológico sobre a doença, só no país, o número representa 93,6% dos novos diagnósticos notificados nas Américas naquele ano. Ao lado do Brasil, Índia e Indonésia foram responsáveis por 74% dos 127.396 novos casos em todo o mundo.
A doença é causada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), com alto grau de infecção e baixa patogenicidade – ou seja, alta contaminação, mas poucas pessoas infectadas de fato adoecem. Sua apresentação é normalmente insidiosa (que esconde certo grau de perigo), e o período de incubação pode levar anos – tanto para adultos quanto crianças.
A hanseníase afeta principalmente a pele, os olhos, o nariz e os nervos periféricos do corpo. Sintomas vão de manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pés. Com cura de 6 a 12 meses de terapia, por meio de antibióticos e até de quimioterapia, só o tratamento precoce evita deficiência irreversível.
Janeiro Roxo
O Ministério da Saúde confirmou que três novos testes de hanseníase foram incorporados ao SUS (Sistema Único de Saúde), além de um novo protocolo clínico com diretrizes para o tratamento, com orientação e capacitação dos profissionais de saúde.
Ainda, implementação do Telehans, serviço remoto para auxiliar a realização de diagnósticos de hanseníase. Um aplicativo virtual também será disponibilizado. A pasta irá conduzir um inquérito nacional sobre a situação de pacientes com hanseníase no país.