Nasce em MS a primeira língua indígena de sinais oficial

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Foto: reprodução

No 3° Encontro de Surdos Terena foi lançado o primeiro curso do país de formação de tradutores e intérpretes de língua terena de sinais, que será feito por meio do programa de educação a distância usando a plataforma “Universidade Aberta”, da UFPR. 

A proposta é ofertar o curso de tradução e intérprete de língua terena de sinais e, posteriormente, o de práticas de língua terena de sinais. A formação faz parte do Plano Estadual para a Década das Línguas Indígenas, desenvolvido pela Coordenadoria de Modalidades Específicas da SED (Secretaria de Estado de Educação), voltado para a comunidade terena de Miranda, estudantes e professores. 

“Não que os indígenas surdos não vão aprender libras, mas ela é uma língua de comunicação para fora da aldeia. Aqui, na comunidade, eles precisam ter essa comunicação especial, como com a mãe, com os irmãos, visto que o indígena vai pra escola, vai pra cidade e aprende libras, a comunidade, não”, resume Denise Silva, professora e técnica da SED. 

Pioneira no Brasil, a proposta da formação de Mato Grosso do Sul servirá de exemplo para todos os Estados. “Esta metodologia, que estamos fazendo aqui, vai servir de precedente inclusive para os povos do Amazonas, Acre, Pará e Xingu, que estão isolados, para que consigam ter acesso ao direito linguístico que, antes de tudo, é um direito humano”, especifica a professora Denise Silva. 

Sem uma legislação na qual se espelhar, a ação inovadora vem sendo construída a partir de escutas e pesquisas envolvendo as universidades, Secretaria de Estado de Educação e a população que será beneficiada: a comunidade terena da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda. 

Doutora em linguística e língua portuguesa, professora do curso de licenciatura em letras libras da UFPR, Kelly Priscilla Lóddo Cezar é a coordenadora da parte pedagógica do curso de formação e quem conheceu, ainda no doutorado, a história de luta de Ondina. 

“Como linguistas, nós sabemos que a linguagem é Pioneirismo uma forma de emancipação, é natural do ser humano e todas são importantes. Nós precisamos pensar que a cada língua que entra em risco de extinção, como estava a terena de sinais, a gente pode perder uma língua, sua cultura e pode perder histórias, como a da dona Ondina”, descreve. 

A formação vem para capacitar a comunidade terena, surda ou não, e principalmente para que a língua terena de sinais não seja extinta. Ao contrário de cursos que são adaptados posteriormente, o de língua terena de sinais é construído a partir das necessidades dos professores, pais e dos próprios alunos terena surdos. 

A maneira de perpetuar o ensino da língua vem por meio da tecnologia. Coordenadora do Centro de Educação a Distância da UFPR, a professora Geovana Gentili Santos trabalha para a expansão da aprendizagem onde a pessoa estiver. 

“Por meio dessa plataforma as pessoas vão poder fazer a formação onde estiverem, para que a universidade rompa com suas barreiras geográficas e nós possamos levar a formação onde ela, efetivamente, é necessária”. (Com assessoria)

Por – Michelly Perez

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