Na linha de frente: médicos e enfermeiros estão sobrecarregados em meio ao surto de doenças respiratórias e arboviroses

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Casos de SRAG se igualam ao mesmo período do ano passado, mas os óbitos teve aumento superior a 1000%

 

Mato Grosso do Sul chega a 17ª semana epidemiológica, com 2,1 mil casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e 162 óbitos, de acordo com o boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde). No mesmo período do ano passado, houve registros de 14 mortes pela doença, o que representa um aumento superior a 1000%. Em meio à disparada de casos, os médicos e enfermeiros que atuam diariamente na linha de frente prestando atendimento aos pacientes sintomáticos, lidam com a sobrecarga e o cansaço físico e mental.

Em entrevista ao Jornal O Estado, o Doutor Marcelo Santana, presidente do SinMed/MS (Sindicato dos Medicos de Mato Grosso do Sul), confirmou que a superlotação está prejudicando e sobrecarregando o trabalho dos médicos, principalmente, aqueles que trabalham na linha frente de atendimentos.

“Isso afeta muito o trabalho médico, aumenta muito a demanda por atendimentos. As condições de trabaho ficam inadequadas, pois o professional precisa atender a um número muito grande de pessoas em um curto espaço de tempo e isso acaba impactando nos plantões e sobrecarregando os médicos da linha de frente. Temos que lembrar que não é apenas um surto de Sindromes respiratórias, temos também a dengue e embora a gente comparativamente a outros estados estão em uam situação mais caótica, nós temos muitos casos e o imapcto disso, são os plantões extremadamente carregados”, lamenta.

Situação semelhante é a registrada pelos enfermeiros de Campo Grande. Na quarta-feira (1º), o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) e membros do SINTE-PMCG (Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem) estiveram em três UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), dos bairros:Universitário, Leblon e Coronel Antonino para ouvir a reinvidicação da categoria que destaca sobrecarregada e em número inferior ao necessário, neste período de alta incidência de atendimentos.

“Estão sobrecarregados, aumentou a demanda de atendimento e a equipe não recebeu reforço”, declara Leandro Dias, presidente do Coren-MS.

Após a vistoria, a equipe elaborou um documento informando ao município sobre a demanda por mais funcionários, contudo, segundo Leandro Dias, a gestão ainda não se manifestou.

Vale lebrar, que no dia 30 de abril, a Prefeitura de Campo Grande decretou Emergência em Saúde em resposta ao crescente número de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) de etiologia viral. Segundo o município o documento, válido inicialmente por 90 dias e passível de prorrogação, busca enfrentar a elevada taxa de ocupação de leitos, que tem pressionado o sistema de saúde local. A medida autoriza a adoção de todas as ações administrativas necessárias para gerenciar a crise, incluindo a mobilização de recursos e a ampliação da rede de atendimento infantil.

Boletim de casos

De acordo com o boletim, divulgado ontem (3), 54% dos agentes causadores de doenças são pelo vírus sincicial respiratório, o Rinovírus. O Adenovírus é o segundo com mais detecções e, na sequência vem a influenza A H3N2 e SARS-CoV-2 (covid-19).

Em Campo Grande, neste período do ano passado, houve três mortes por doenças respiratórias. Hoje, já são 66 pessoas que perderam a vida por algum vírus, sendo que cinco vieram a óbito nesta semana.

A faixa etária com mais casos identificados de doenças respiratórias aguda está sendo, a maioria, em crianças menores de um ano a nove anos, cerca de 40%. Porém, as mortes estão sendo registradas na população idosa: 22% nas pessoas com 70 a 79 anos e 26% com mais de 80 anos.

Na Capital, desde a última terça-feira (30), a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) trabalha em situação de emergência por conta do elevado número de casos de SRAG registrados, o que tem levado a sobrecarga dos serviços de saúde e maior demanda por internação hospitalar.

Para tentar conter o avanço da doença, a vacina contra a gripe foi disponibilizada para todos os campo-grandenses. Neste sábado (4), as doses estarão disponíveis nos shoppings Norte Sul (das 10 às 18h) e Pátio Central (das 9h às 16h), além das USFs Caiçara e Cristo Redentor, que aplicarão a vacina das 7h às 17h. No domingo (5)a vacinação irá acontecer apenas no shopping Norte Sul Plaza, das 11h às 19h.

Também deve acontecer um novo “Dia D” de vacinação contra a gripe na semana seguinte, onde haverá ponto de vacinação em unidades de saúde, shoppings e supermercados.Os locais exatos deverão ser divulgados ao longo da próxima semana.

Por Kamila Alcântara e Michelly Perez

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