Na Capital, chuva fraca é o suficiente para derrubar energia

Tão logo o céu se forma e fica nublado, os moradores de Campo Grande sabem que a energia elétrica vai cair. Na volta das chuvas à Capital, o bairro Panamá, região oeste, vive um drama com os problemas constantes de apagões e oscilações no fornecimento da Energisa, concessionária responsável pelo serviço na cidade.

Assim vem sendo nos últimos dias. No domingo (18), por exemplo, o clima nublado foi o suficiente para deixar a maioria dos moradores sem energia por toda a tarde e noite. O fornecimento sofreu problemas das 14h até as 21h em alguns pontos. Um domingo inteiro parte no escuro, parte com problemas, enquanto a água caía dos céus.

“A questão é recorrente, nós temos tido quase que diariamente problemas”, disse a arquiteta Graciana Goedert, 39 anos, há dois deles no bairro, ao O Estado. “Ocorre que o fornecimento está parcial, com apenas meia fase, oscilações às vezes que duram mais de uma vez por dia”.

Dendry Ernane, outra moradora do Panamá, também reclama da situação vivida. Disse que no último domingo, por exemplo, sua casa ficou horas na operação por meia fase. Depois, quando o serviço foi reestabelecido, não durou muito: caiu totalmente por quase 30 minutos.

“Hoje em dia o consumidor é judiado pelas empresas que prestam serviços essenciais, como luz, internet e telefonia. Quando atrasamos a conta, a empresa atua de uma agressividade tamanha para fazer as cobranças, mas quando ela deixa de fornecer o serviço, que é de sua obrigação, não está nem aí”, disse Dendry.

Segundo relatos de campo-grandenses, desde a volta da chuva, nada menos que 25 bairros da Capital já ficaram sem luz: Coronel Antonino, Vila Margarida, Coophavilla II, Vila Nasser, Santo Amaro, Santa Emília, Núcleo Industrial, Jardim São Lourenço, Santa Dorothéia, Jardim Tarumã, Jardim Centenário, Santa Fé, Jardim dos Estados, Caiobá, Monte Castelo, Jardim Seminário, Jardim Tarumã, Conjunto Aero Rancho, Vila Albuquerque, Nova Lima, Parque dos Novos Estados, Jardim Autonomista, Celina Jallad, Vila Fernanda e Pênfigo. A maioria deles, segundo a Energisa, é causada pela queda de árvores e galhos.

No topo das reclamações

A situação piora quando o consumidor precisa entrar em contato com a Energisa. Relatório divulgado ontem (19) pelo Procon (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) estadual apontou que a concessionária é a campeã de reclamações até aqui no ano. Em 10 meses de atendimento, foram 15.565 reclamações no total, das quais 900 dessas ocorrências envolvem a fornecedora de energia elétrica.

Questionada sobre o ranking do Procon, a concessionária informou que o órgão considera, “além das reclamações, os atendimentos e orientações realizadas ao cliente”. Alegou também que “o ranking apresenta ainda um elevado número de reclamações improcedentes, bem como reclamações duplicadas”.

A Energisa informou ainda que, com base nos dados do Sindec (Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor), que é usado pelo próprio Procon, o número real do ranking seria de 232 casos e não os 900 registrados pelo órgão estadual. Isso porque, segundo a concessionária, foram feitas 301 ocorrências, 222 reclamações foram arquivadas e de reclamações duplicadas ou triplicadas foram 145 casos.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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