Na Capital, bloco do “Sumido” e desfile da “Incerteza” já preevem festa do Carnaval 2022

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Foto: Reprodução/Facebook

Mais um ano pandêmico chega e, sem ele, a tradicional folia de Carnaval. Ou pelo menos é o que ainda está na “corda bamba”. A continuação do “novo normal” da COVID-19, a permanência da variante ômicron e a recente chegada da cepa “Darwin” do vírus H3N2 refletem diretamente para que o bloquinho da “Incerteza” inaugure as festividades carnavalescas de 2022. Dos foliões de rua até os desfiles oficiais de Campo Grande, um grande ponto de interrogação vai estampar as fantasias – se é que elas serão feitas…

O Carnaval de rua na Esplanada Ferroviária já vai para o 3º ano sem festa. Foto: Gabriel Marchese/@porcimadecg

A situação é a seguinte: na Capital, a prefeitura anunciou desde dezembro de 2021 que não haverá festa de rua na cidade. A justificativa foi pela preocupação sanitária. Claro que a notícia pegou todo mundo de surpresa, principalmente os carnavalescos que não esperavam ter de “engolir” mais um ano sem Carnaval.

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Silvana Valu: “chorei ao saber que cancelaram o nosso Carnaval”. Foto: Reprodução/Instagram

“Mas é possível”, afirma Silvana Valu, organizadora “mor” do cordão de mesmo nome que há 15 anos desfila pela região da Esplanada Ferroviária, no Centro de Campo Grande. “Chorei ao saber que o prefeito decidiu cancelar o nosso Carnaval. Pois bem, vida que segue”, diz.

Há quase dois anos sem promover presencialmente as tradicionais brincadeiras e cortejos de rua – apenas de forma on-line –, resta ao Cordão Valu e outros blocos – Capivara Blasé, Evoé Baco e mais – e algumas escolas de samba migrarem para as festas em locais privados. Inclusive, essa circunstância já foi autorizada. “Temos aval do prefeito para festar em locais ‘fechados’, pois teremos maior controle da quantidade de público e conseguimos exigir o respeito às regras de biossegurança”.

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Sem a expectativa de festar na rua, muitos blocos outros estão a fazer pré-carnavais em locais fechados. Foto: Reprodução/Instagram

E é isso que vem acontecendo desde o final do ano passado. Para os 15 anos do Valu e – mais recentemente – em “luais” com sambinha raiz pelo Blasé, além de reuniões regadas a feijoada e pagodeira do GRES (Grêmio Recreativo Escola de Samba) Unidos da Vila Carvalho, a galera já vem curtindo o pré-Carnaval presencialmente. A agenda segue até 19 de fevereiro, uma semana antes do sábado “oficial” de Carnaval ter início – ou não.

“Se a pandemia e a gripe evoluírem de maneria ruim, a gente para com tudo na hora. Caso contrário, manteremos essa adaptação carnavalesca. Com a chegada do Carnaval, sempre tem uma polêmica ‘extra’, uma ala mais conversadora que deseja nos banir. Mas eventos culturais de todos os tipos estão sendo realizados pela cidade também de forma adaptada, então porque não podemos fazer o mesmo?”, pontua Silvana.

Adaptação

“Este é o momento da criatividade. Vamos ter que nos reinventar sempre, como foi no ano passado. Não podemos parar com o folclore cultural, mas também temos que nos preocupar com a segurança e saúde de todos. Só assim vai valer a pena. E estamos nos estudos, nas tentativas, de fazer algo acontecer obedecendo todas essas questões”, elucidou Max Freitas, titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

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Praça do Papa: registro do desfile do GRES Igrejinha, no ano de 2020. Foto: Ricardo Gomes/Governo de MS

Segundo ele, desde o final do ano passado – quando a prefeitura optou por cancelar o Carnaval de rua – reuniões já vem se desenrolando com os produtores carnavalesco para “vislumbrar” o futuro nada certo da folia.

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Corte de Momo e Rei e Rainha de Carnaval já foram definidos pelo GRES Igrejinha. Foto: Reprodução/Instagram

“Ainda estamos vendo a possibilidade de transformar os desfiles das escolas de samba de dois para três dias, com o controle de mil foliões nas arquibancadas e no máximo 150 desfilantes na avenida. É uma das alternativas estudadas. De qualquer maneira, vale a determinação do prefeito em não se realizar o carnaval de rua”, descreve.

Para Alan Catharinelli, presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), “cada dia é um dia” e não é possível cogitar nada “100% real” por agora. “Estamos pensando na melhor maneira de fazer o Carnaval em 2022. Falo isso com a maior tristeza, mas às vezes o melhor é que ele de fato não se concretize. Precisamos estar vivos para também manter a festa viva”, reflete o dirigente.

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Alan Catharinelli: “talvez poderemos fazer algo que nem o que se está previsto para acontecer em Rio e São Paulo”. Foto: Reprodução/Instagram

E adiciona: “talvez poderemos fazer algo que nem o que se está previsto para acontecer em Rio e São Paulo, isto é, adaptar os desfiles, diminuir o número de foliões e desfilantes, de carros alegóricos… mas por enquanto estamos só no diálogo”, reafirma.

Quando o assunto é Carnaval, há um consenso entre todos os carnavalescos: “aconselhamos a todos a tomarem sua dose de vacina contra a COVID. Só a vacinação vai acabar de vez com a pandemia”, orientam Catharinelli e Valu. É o grande “samba-enredo” da ciência.

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