O Aero Rancho, bairro mais populoso de Campo Grande e que registrou uma vítima por dengue esse ano, está entre os sete que vão receber ainda este mês a soltura do Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Adiado desde o mês de setembro, a novidade encheu de expectativa moradores que reclamam dos casos de dengue e pontos de criadouro do inseto.
A liberação dos mosquitos ocorre na próxima quinta-feira (10), mesmo dia da inauguração da biofábrica dos mosquitos no Lacen (Laboratório Central). Os primeiros bairros a receberem a primeira fase dos novos mosquitos são o Aero Rancho, Guanandi, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado.
Para o caminhoneiro Lucas da Silva, de 26 anos, que mora junto a mãe de 52 anos, a expectativa pela chegada dos mosquitos é grande. Eles esperam que até o início do próximo ano já seja possível ver resultados.
“Moramos em uma grande região, onde parte da população colabora e cuida do seu espaço, mas muita deixa a desejar, dando maus exemplos e jogando lixo em uma calçada quase em frente de casa. Espero que esses mosquitos nos ajude de forma positiva”, comentou.
Lucas mora próximo ao cruzamento das ruas Talmaturgo com a Babaçu, onde tem um acumulado de lixo. Ali, é possível encontrar desde sofá até restos de uma televisão, tudo jogado, servindo como criadouro de mosquito.
Segundo ele, esse e um ponto de 200 metros de distância na Rua Babaçu, são locais de risco para proliferação do mosquito. O morador já chegou impedir pessoas de jogar lixo no ponto, mas percebe a falta de colaboração do próximo.
“A gente vê pela câmera de segurança, tenta impedir, mas acaba vindo outro e jogando o lixo, a gente preza pelo nosso e espera que não seja contaminado, como graças a Deus ainda não aconteceu”, observou.
Vizinha de Lucas, a dona de casa Ingrid Rodrigues Miranda, de 26 anos, reforça as reclamações do morador, e fica contente em saber que o bairro será um dos primeiros a receber o Aedes com a Wolbachia. “A gente fica feliz, parece uma luz em meio a tantos outros problemas que a gente vê acontecendo. Se isso der certo e todos colaborarem, é menos um problema para lidar”, acrescentou.
Apesar dos relatos, de acordo com o resultado do último LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), divulgado no mês passado, o bairro não está entre os riscos de infestação da dengue. De 8.724 imóveis vistoriados, o IIP (índice de Infestação Predial) é apenas de 0,9.
Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública, Veruska Lahdo, a escolha dos bairros para a primeira fase de soltura dos mosquitos, leva em consideração o tamanho, a densidade populacional, capacidade operacional dos agentes envolvidos no trabalho, além de dados sobre a infestação.
Biofábrica
A biofábrica de mosquitos terá a produção de milhão e 500 mil mosquitos com wolbachia por semana para serem soltos na Capital, ajudando a reduzir a transmissão da dengue, zika e chikungunya nas áreas onde mais se proliferam. Os novos Aedes começaram a ser criados no dia 23 de novembro.
O gestor de implementação do Método Wolbachia em Campo Grande, Gabriel Sylvestre, explica que a cidade foi dividida em seis fases, onde cada uma delas vai receber os novos mosquitos uma vez por semana durante 16 semanas até que todos bairros tenham um grande número de novos Aedes aegypti. “Após o procedimento, eles vão se reproduzir com outros Aedes locais, resultando em novos mosquitos com a bactéria sendo então incapazes de transmitir doenças”, explicou.
(Texto: Dayane Medina)