Somente após alguns barulhos na janela, parecidos com explosões, que os moradores do bairro Santo Antônio desconfiaram que algo estava errado. O maior incêndio de estrutura já registrado em Campo Grande, no mercado Atacadão da avenida Duque de Caxias, foi responsável por uma onda de pânico, angústia, incertezas e noite em claro.
A casa de Luíz Nazareno Teixeira, 71 anos, faz divisa de muro com o atacadista. O morador relatou que escutou estrondos seguidos de explosões violentas, as janelas de sua casa começaram a balançar, e de repente, o fogo começou, junto com a sensação de pânico.
“Abri a janela para tentar entender o que estava acontecendo e foi tudo muito intenso, o fogo se alastrou rapidamente. Nós desocupamos o que foi possível na casa, retiramos os botijões de gás, desligamos os disjuntores e ficamos aqui fora esperando os bombeiros chegarem”, pontuou Teixeira.
Luíz salientou que os esforços no combate ao incêndio foram concentrados à princípio, na parte central do atacadista. Enquanto isso, o estoque do mercado, rente à sua casa na rua Américo Vespúcio, queimou rapidamente e só foi contar com os esforços dos militares do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) às 19h, duas horas após o início da combustão. “Todos os vizinhos ligaram para os bombeiros e eles não vieram de imediato. Quando chegaram não tinha muito o que fazer mais nessa parte”, disse.
Uma moradora que preferiu não se identificar, disse que vários vizinhos ligaram para os bombeiros solicitando viaturas para combater o incêndio que se aproximava de quatro casas e de um condomínio com 16 apartamentos. Como ninguém apareceu, ela e seu marido saíram correndo em direção ao mercado, em busca de ajuda.
“Alertamos que eles deveriam vir pela rua Américo Vespúcio, porque aqui, com as casas, o risco era maior”, descreveu. Após a moradora conversar com os bombeiros, eles chamaram os reforços pelo rádio e logo em seguida, um caminhão pipa e uma viatura da corporação foram designados para combater o fogo na parte de trás do mercado.
A arquiteta Camila Cesco, 32 anos, destacou que por questões de segurança, os bombeiros orientaram que as casas no entorno do mercado fossem desocupadas. Com medo do fogo atingir o seu apartamento, ela rapidamente tirou os seus pertences e se deslocou para a casa de uma parente. Por volta das 23h, Cesco retornou para o bairro Santo Antônio para checar se estava tudo bem em sua casa, e por conta da forte fumaça, decidiu passar a noite fora.
Conforme a arquiteta, os moradores do condomínio tentaram, sem sucesso, ligar a bomba de água do prédio. Camila pontuou que toda a situação foi extremamente assustadora e que em questão de cinco minutos, o estoque do mercado já estava tomado pelo fogo.
Há uma quadra do atacadista, a auxiliar de saúde bucal Patrícia Oliveira, 28 anos, descreveu que teve dificuldades em entrar em sua residência por conta de transeuntes aglomerados na rua, que pararam para observar o fogo consumir o mercado. “De noite, o incêndio já estava aparentemente controlado, mas eram muitos carros, pessoas aglomeradas e sem máscara na rua”, pontuou.
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(Texto: Amanda Amorim)