Chargista do jornal O Estado há 16 anos, Marcos foi morto no último sábado (21), na Capital
Marcos Borges, era o nome artístico encontrado nas obras de Marco Antonio Rosa Borges, chargista do Jornal O Estado. Durante toda a vida foi apaixonado por desenhar e decidiu tornar o hobbie em profissão. Foram mais de 30 anos desenhando. Apenas no jornal, foram 16 em que transformava as notícias do cotidiano em caricaturas mais leves e engraçadas. Para a categoria, o que fica é o lamento pela morte brutal de Marco.
O início da vida profissional de Marco foi construído em escritórios publicitários. O desenhista e amigo pessoal do chargista, Emmanuel Merlotti, conta que o trabalho estava indo bem, mas que o amor por desenhar falou mais forte e, desde então, Marco passou a se dedicar em transformar a vida cotidiana em arte.
Emmanuel relembra sua trajetória. Marco realizou diversos trabalhos, seja para jornais ou de forma independente. “Ele era muito reconhecido por sua arte aqui no Estado. Ele já trabalhou em vários veículos de imprensa, desde aqueles mais antigos e até alguns que não existem mais. Por ter trabalhado com publicidade, ele também era muito querido e sempre era lembrado para realizar trabalhos”, destacou.
E completou: “Nós éramos muito próximos, o Marco sempre foi uma pessoa incrível e um ótimo amigo, entre todas as pessoas do meio, ele nunca perdeu uma exposição minha. Ele sempre esteve presente, com um sorriso e essa era a imagem dele, sempre sorridente, alegre, um cara muito família, é muito triste como tudo isso aconteceu”.
Adeus da categoria
Quem teve a oportunidade de trabalhar com o Marco lembra da forma simples e leve em que o chargista levava a vida. A proximidade com a família e a forma como levava alegria aos amigos são as características marcantes em relatos de colegas de trabalho.
O chargista Éder Flávio Benites, relata que já fez trabalhos nas ruas de Campo Grande. Entre um trabalho e outro, Marco era aquele que fazia o grupo rir, em que é lembrado pelo jeito despojado e com um sorriso no rosto.
“Todos nós tínhamos um respeito e admiração pelo trabalho um do outro, tanto que sempre que se tinha oportunidade de trabalho, sempre havia aquela ligação para o trabalho porque era muito bom trabalhar com ele [Marco]. Sem dúvida é uma perda muito grande para todos nós, ainda mais sendo da forma que aconteceu, toda essa brutalidade, nós nunca esperávamos por isso”, lamentou.
O caricaturista Paulo Costa, relembra que mesmo não tendo contato diário com Marco, sempre existiu um respeito e admiração e que ele sempre passava para cumprimentar e prestigiar seu trabalho.
“O Marco sempre foi aquele cara alegre e isso refletia muito no seu trabalho, que era leve e divertido. É assim que nós iremos lembrar dele, uma pessoa tranquila e divertida, que mesmo com muito tempo sem ver, sempre passava para dar um ‘oi’, enquanto eu estava trabalhando na Feira Central. Sem dúvida essa é uma perda muito grande para toda a categoria”, apontou.
Já o chargista Milton César Ornellas, conta que o primeiro contato com Marco foi no fim dos anos 80, em que, com mais experiência, Marco o ajudou a começar na área. Sem conhecer muita gente, ele foi responsável por ajudar Ornellas a conseguir seu primeiro emprego na área.
“Além de profissional, o Marco era uma pessoa muito boa, de sorriso fácil e muito alegre, é muito triste a forma como tudo aconteceu. Essa, sem dúvidas, é uma perda muito grande. Toda a classe artística perde algo hoje, chargistas, atuantes e de qualidade como ele restaram poucos”, destacou.
(Texto: Amanda Amorim)