Mato Grosso do Sul está sob os efeitos da terceira onda de calor extremo do ano e beber água regularmente é essencial para evitar a desidratação, onde os sintomas podem ser confundidos com dengue. A garrafinha de água já é um item indispensável ao sair de casa, principalmente nos momentos mais quentes do dia.
A onda de calor que atinge Mato Grosso do Sul tem gerado alerta para recordes de temperatura em várias regiões do Estado. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande), o número de atendimentos cresceu nos últimos dias na rede pública de saúde, embora não seja possível apontar o aumento da temperatura como um dos responsáveis.
“Houve um aumento, mas não tem como associar só ao calor, pois também temos o vírus da dengue e outras causas que fazem a população ir às unidades de saúde em circulação. Mas as principais causas de atendimentos nos postos podem ser por hipertermia – aumento da temperatura corporal -, desidratação e mal-estar geral”, explicou.
Acostumada a trabalhar pela manhã, Juliana Oliveira,31, teve dois compromissos no período da tarde no começo da semana. Mesmo em ambientes climatizados, só o percurso que percorreu, na região Central de Campo Grande, para chegar ao ponto de ônibus já foi o suficiente para desestabilizar seu organismo, sendo necessário procurar ajuda na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
“Saí na tarde de segunda e terça. Na noite de terça comecei a sentir dores no corpo, uma moleza, forte dor de cabeça e uma sensação da pele estar quente, igual insolação. Ficou insuportável na quarta, quando fui ao médico e ele diagnosticou a desidratação aguda. Tomei soro, remédios e exames de dengue foram feitos para garantir”, compartilha Juliana.
Ela, que já teve dengue uma vez, até achou que tinha sido infectada pelo aedes aegypti, já que estava carregando uma garrafinha de água o tempo todo. “Cheguei a suspeitar da dengue pelas dores no corpo e nos olhos, mas não tive febre e o soro me deixou muito melhor. Dengue são dias de sintomas muito intensos. O exame é importante para ter certeza”, completa.
Confundir os sintomas acaba sendo comum porque uma das sequelas da dengue é exatamente a desidratação, mas a médica Clínica doutora Carolina Albuquerque Arroyo, da Unimed Campo Grande, explica as diferenças.
“Os sintomas da dengue são de um processo infeccioso, então apresenta dores e febre intensa. Enquanto a desidratação, os principais sintomas são a aceleração da frequência sanguínea e fraqueza, com ressecamento dos olhos, boca e pele”, compara a médica.
Em situações mais críticas de desidratação, há casos até de confusão mental. “Os idosos às vezes não apresentam os sintomas convencionais, mas ficam em estado de confusão mental agudo”, alerta a doutora Carolina. Além dos idosos, as crianças menores de dois anos também devem ser observadas e a água oferecida a todo momento.
Para evitar quadros críticos de desidratação, a médica orienta ainda a ingestão de líquidos de forma fracionada e levando em consideração os alimentos.
“Oriento o aumento da ingestão de água, soluções isotônicas e água de coco, pois são ricos em eletrólitos, que perdemos no processo de desidratação. Também é importante fracionar essa quantidade de líquido para tomar várias vezes ao dia, não tudo de líquido, mas a alimentação com água também conta”, conclui.
Valorização do bem-estar nos dias quentes
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das crianças e adultos, a Semed (Secretaria Municipal de Educação), SES (Secretaria Estadual de Educação) e Solurb soltaram notas técnicas às equipes responsáveis para prevenir a desidratação dos alunos e trabalhadores.
Nas escolas, estaduais e municipais, as atividades físicas foram adaptadas para que exijam menos dos estudantes e pediram que levem suas garrafas de água. Além disso, as unidades escolares vão oferecer alimentação mais leve, dando preferência aos alimentos in natura, tais como verduras, legumes e frutas.
Aos trabalhadores da coleta de resíduos sólidos, paradas extras foram adicionadas a rotina e reposição de hidroeletrolítico pó para consumirem durante a jornada. (colaborou Ana Cavalcante)
Por Kamila Alcântara
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