Com a temporada de fogo no pantanal antecipada neste ano, Corumbá convive com fumaça e fuligem de incêndios há semanas. A movimentação na cidade de 96,2 mil moradores durante o fim de semana, porém, não indica uma mudança na rotina.
Na noite deste domingo (16), o público ocupava mesas nos bares do Porto Geral, ponto turístico localizado no bairro Beira-Rio. Do outro lado da rua, pequenos grupos conversavam ou assistiam a uma batalha de rimas. A cidade também espera, com direito a hotéis lotados, o início das festividades do Arraial do Banho de São João na próxima sexta-feira (21).
A cinco quilômetros dali, no entanto, seguindo para o leste, a Folha de S.Paulo registrou um incêndio em uma encosta, por volta das 21h, na margem oposta do rio Paraguai.
Segundo funcionários de um hotel, que fica no limite com Ladário (MS), município vizinho, o fogo do outro lado do rio tem sido constante. Embora pudesse ser avistado da outra margem com facilidade, o fogo não parecia chamar a atenção do hóspede de um hotel na beira do rio, que conversava ao telefone.
Sem vento forte e com o vento soprando para longe da margem, não havia a possibilidade de o incêndio “pular” o rio. Segundo brigadistas da região, esse risco é maior entre 10h e 15h, período mais quente do dia. Isso ocorre porque o vento carrega vegetação queimando, que cruza o rio e cria novos focos de incêndio em áreas com mais casas.
Por isso, a movimentação dos incêndios é monitorada constantemente por brigadas locais, sejam as de voluntários, do Corpo de Bombeiros ou do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Com novos focos surgindo a cada dia sobre a vegetação seca, os agentes podem ser acionados a qualquer momento.
Um desses episódios de “pulo” do fogo aconteceu na fazenda São Bernardo, a 45 km do centro de Corumbá, no fim da manhã do domingo. A reportagem acompanhou uma ação de brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Ibama.
Os agentes foram acionados para uma queimada que destruiu lotes da fazenda em menos de duas horas. Os funcionários eram orientados pelos agentes a traçarem aceiros, usando tratores para revolver a terra ao longo de várias linhas na fazenda.
A medida impede que o fogo se alastre por evitar o contato com a vegetação ressecada.
Os picos de queimadas no pantanal costumam ocorrer em setembro. Em 2024, contudo, de janeiro até 11 de junho, 372 mil hectares já haviam sido atingidos por incêndios, uma área maior que duas cidades de São Paulo.
Essa extensão é 54% superior à afetada pelas chamas no mesmo período em 2020 -considerado o pior ano de queimadas no bioma-, quando 241,7 mil hectares queimaram até a data. Os dados são do Lasa (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais), do departamento de meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Com informações da Folhapress, por Lucas Lacerda