Mato Grosso do Sul possui uma grande diversidade de capital natural. Preservar e estudar esse material é de fundamental importância para o futuro da humanidade. Fundado em 1989, o Herbário CGMS que fica no Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) possui 71 mil espécimes de plantas catalogadas.
Herbário, para quem não sabe, é uma coleção de plantas que após colhidas na natureza, passam por um processo de prensagem, depois vão para estufa onde passam por desidratação que dura em média três dias, e a última etapa é a da montagem da planta que é delicadamente guardada numa cartolina, com etiqueta e todos os dados referentes aquela espécie. Após todo esse processo chamado exsicata, é que elas são armazenadas dentro de armários de metal especiais que preservam a amostra.
Ao contar a história do local que tem como caraterística, plantas que reproduzem flores e frutos, a curadora e professora de biologia vegetal, Ângela Sartori lembra que nem sempre foi assim. Antes das parcerias que contribuíram para a aquisição de armários de metal adequados, a coleção era armazenada em armários de madeira que conforme o clima, poderiam passar umidade e acabar deteriorando as amostras.
“Tivemos financiamento da Fundect, fizemos parceria durante o Biota MS que foi financiado pelo governo do Estado, e com isso a gente vai adquirindo equipamentos e vai fomentando. O fato de nós termos hoje a pós-graduação em biologia vegetal, foi uma maneira de viabilizar a aquisição de parte desses arquivos deslizantes que acomodam o maior número de materiais num menor espaço físico. A capacidade de armazenamento a sua coleção aumenta quando você tem esses arquivos. Então a gente conseguiu, graças a parcerias em projetos” pontua.
Os exemplares disponíveis no local, são provenientes de pesquisas desenvolvidas nos cursos relacionados às plantas e aos liquens (fungos), e também por pós-graduandos de programas da instituição das áreas de biologia vegetal, ecologia e conservação, farmácia, química e biotecnologia, que têm exemplares devidamente catalogados. As espécies estão distribuídas em Angiospermas, Gimnospermas, Samambaias e Licófitas, e Liquens, com predomínio de Angiospermas.
O acervo representa a flora de Mato Grosso do Sul, e conforme Angela, é uma fonte infinita de recursos para diversos fins científicos. “Muitas plantas e frutos do serrado são usadas para produção de alimentos como o cumbaru por exemplo. Tem plantas que são típicas de matas ciliares. Se eu tenho interesse em reflorestar uma margem que está devastada, através de um levantamento dentro do herbário, eu consigo saber quais as espécies que colonizam a margem do rio para reflorestar. A finalidade do herbário é infinita”, destaca.
O “museu” de planta no campus da UFMS costuma receber estudantes de escolas públicas e privadas, e está disponível para toda comunidade científica, além de ser instrumento de pesquisa de alunos e professores de graduação e pós-graduação da UFMS, mas também de instituições nacionais e estrangeiras.
Parcerias como a do Programa Reflora (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro) e a do INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia) ampliaram o acesso do acervo. Toda a coleção está disponibilizada no Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, e permite que pesquisadores de qualquer lugar do planeta tenham acesso aos exemplares sul-mato-grossenses.
(Texto: Lyanny Yrigoyen com Hojemais.com.br)