Gatos pretos podem sofrer preconceitos e maus-tratos devido a superstições do mês de outubro

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Foto: Arquivo Pessoal

O mês de outubro é marcado pelas comemorações do Halloween, o Dia das Bruxas no Brasil, famoso pelas histórias tradicionais de fantasmas, contos de terror e de bruxas, que sempre possuem um gato preto assustador como animal de estimação. Entretanto, associar os gatos pretos a contos de terror, atualmente, leva o felino a sofrer diversos tipos de preconceito e até mesmo maus-tratos.

Muitos desses maus-tratos acontecem devido ao imaginário de pessoas mal informadas e até mesmo maliciosas, que acreditas em superstições e fantasias, como, por exemplo, de que o gato preto pode trazer má sorte.

Nesta sexta-feira (27) é comemorado o Dia da Conscientização do Gato Preto. A data foi justamente escolhida devido à proximidade com o halloween (31 de outubro), com objetivo de educar e combater crueldades contra os felinos de pelagem escura.

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Foto: Arquivo Pessoal

Ana Cristina Camargo, responsável por uma ONG em Campo Grande que abriga aproximadamente 450 gatos, sendo metade deles composta por gatos pretos, ressaltou a importância de ficar em alerta com esses felinos, principalmente em datas como sextas-feiras, 13 ou com a proximidade da festa de halloween. “Nessas datas, casos de maus-tratos são muito comuns. Eles são usados em rituais, por crenças ou mitos”, esclarece.

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Foto: Divulgação

A protetora disse que nessas datas, ela não costuma doar nenhum gato preto, exatamente para evitar qualquer tipo de abuso. “Para doar fazemos uma seleção criteriosa com o futuro tutor. Mas nessas datas, não abro exceção”.

O veterinário da Subea (Subsecretaria de Bem-Estar Animal), Edvaldo Sales, esclarece que os gatos pretos não têm nenhum tipo de diferença em relação aos demais. “A única diferença é a quantidade de melanina produzida pelo animal”, frisa.

Matheus Marques, tutor do gatinho Dark, conta que adotou o animal durante uma feira de adoção, há quatro anos. “Ele era o menos bonito da ninhada e, ainda por cima, tinha a pontinha do rabo quebrada, aí apaixonei”, brincou. Ele conta que Dark é super amoroso e adora dormir junto dele. “Tenho outro gato, mas o Dark é muito mais carinhoso”.

Primeiro Paciente

Em março deste ano, a Subea atendeu o gato Salém. Ele chegou até a unidade com o olho machucado após uma briga. Salém foi o primeiro paciente encaminhado para UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), através do convênio firmado entre Prefeitura e UFMS para atendimento de alta complexidade para cães e gatos da Capital, sem nenhum custo para o tutor. O animal passou por uma enucleação (extração do globo ocular).

“Se não fosse o convênio, eu não teria como custear uma operação como esta”, lembrou Dona Maria Andreia, tutora do Salém.

Origens

Os felinos de pelagem preta nem sempre foram vistos como uma ameaça. No Egito Antigo, por exemplo, os gatos eram tratados como deuses e sinais de boa sorte, principalmente os pretos.

Já na Idade Média, com o crescimento do Cristianismo, a adoração a felinos era considerada heresia, e os gatos pretos foram declarados como a encarnação de seres malignos.

Em seguida, a inquisição perseguiu e executou muitas mulheres consideradas bruxas e seus gatos, principalmente os pretos, também foram alvo. Acontece que essas mulheres conheciam a medicina natural e sabiam do poder de caça dos felinos para manter ratos e outras pragas longe de casa. Por isso mantinham um por perto. Por fim, no século XIV veio a Peste Negra que dizimou boa parte da população europeia – o que só piorou a situação, pois acreditavam que essa pandemia era um castigo dos felinos. Só que, na verdade, o contágio da doença era feito por pulgas em ratos contaminados. Com a redução da população de gatos, caçadores naturais dos ratos, a doença se proliferou mais rapidamente.

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