Falta de cilindros de oxigênio já preocupa empresários da Capital

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Falta de cilindros de oxigênio já preocupa empresários da Capital

Com a ameaça da terceira onda da COVID-19 para junho, a distribuição de cilindros para armazenamento de oxigênio é a principal preocupação em Mato Grosso do Sul. A situação chama mais a atenção que até a própria disponibilidade do produto, que segue patamares satisfatórios mesmo diante da eventual chegada do novo pico. Para os revendedores da Capital, a tomada de controle do Ministério da Saúde na compra e distribuição dos recipientes trouxe insegurança para o setor.

Em março deste ano, o Ministério da Saúde anunciou que concentraria o direito à distribuição de cilindros. Com isso, empresas perderam o direito de negociar a compra e ficaram na dependência do governo. “O Ministério da Saúde monitora o fluxo de oxigênio em todo o Brasil, em parceria com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para definir as localidades que receberão o produto, de acordo com seus estoques e demandas”, informou à época.

Em Campo Grande, empresas que comercializam o oxigênio começaram a sentir os efeitos da mudança. “O que está faltando é equipamento, é cilindro. O fabricante tem pedido até oito meses para entregar e ainda assim, a compra está concentrada com o Ministério da Saúde”, explicou o empresário Moisés Duarte.

Segundo ele, por causa da dificuldade no acesso de vasilhame, a loja passou a improvisar, adaptando cilindros de gás industrial para gás medicinal. Para isso, é feita uma limpeza e a pintura do recipiente. “É o jeito, não tem muito o que fazer. Agora, se aumentar muito a demanda com essa terceira onda, o fornecimento pode ficar comprometido, mas por causa da falta do cilindro”, ressaltou

O empresário conta que o oxigênio que revende vem de perto, da cidade de Dourados. No início do ano, quando a pandemia atingiu acentuada elevação, ele conta que chegava a vender 100 cilindros por mês e, mesmo nesse período, o produto nunca chegou a faltar. Agora, questionado sobre a falta do oxigênio, ele minimiza a possibilidade, no entanto mostra preocupação com os vasilhames para armazenamento.

“Os cilindros que eu comprava vinham de São Paulo e eles sempre falavam que estavam com uma demanda muito grande, que ninguém imaginava. Agora existe espera para a entrega e não tem o que fazer”, apontou.

A mesma preocupação é da empresa onde Wilian Lopes Gomes trabalha. Para ele, Mato Grosso do Sul enfrenta maior ameaça por falhas logísticas do que propriamente pela falta de oxigênio. “O problema é a falta de cilindro para atender. Ninguém está conseguindo comprar”, relatou.

Para tentar equilibrar as coisas, a empresa deixou de aceitar novos clientes e tem priorizado entregas de vasilhames medicinais aos industriais. A adaptação para readequar os recipientes também já virou realidade na revendedora. “Tivemos de fazer a escolha de deixar de agregar novos clientes para não correr o risco de não conseguir cumprir nossos compromissos com os que já temos”, explicou.

Wilian conta que as últimas semanas registraram tendência de queda na procura do oxigênio, no entanto acredita que o consumo deve aumentar nas próximas semanas. “Já estamos preocupados e nos preparando para isso”, revelou.

Em abril, levantamento feito pelo Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais) apontou que oito cidades de Mato Grosso do Sul relataram dificuldades na aquisição de oxigênio. No registro, foram listadas as cidades de Nova Alvorada do Sul, Brasilândia, Anaurilândia, Corumbá, Itaporã, Glória de Dourados, Laguna Carapã e Guia Lopes da Laguna.

Em Bodoquena, por exemplo, a prefeitura precisa buscar diariamente cilindros de oxigênio em Campo Grande. A falta é a mesma em Corumbá, que implantou um tanque para armazenar o oxigênio.

Em nota, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) afastou a possibilidade de cenário caótico como o registrado em Manaus no início do ano, onde pacientes morriam asfixiados por falta de acesso a oxigênio. Informou ainda que “as unidades hospitalares de Mato Grosso do Sul possuem o insumo de oxigênio em estoque” e que o levantamento é responsabilidade das unidades hospitalares públicas e privadas do Estado. “A SES ainda informa que desde o início da pandemia tem procurado aprimorar suas ferramentas de ações no enfrentamento a COVID-19”, diz o texto.

(Texto: Clayton Neves)

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