Diante da disponibilização da vacina Qdenga para o SUS (Sistema Único de Saúde) e com o estoque de imunizantes baixo, o laboratório fabricante Takeda informou que vai priorizar o abastecimento para a rede pública. Em Campo Grande, diante do crescimento da demanda pelo imunobiológico e com os casos de arboviroses aumentando, a vacina contra a dengue na rede particular já começou a se esgotar. A reportagem do jornal O Estado, entrou em contato na tarde de ontem (7), com três redes farmacêuticas particulares e em todas o imunizante já esgotou.
A Takeda informou que tem garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para 2025. Isso representa capacidade de fornecer imunização para 7,8 milhões de pessoas (duas doses para cada). Conforme informações da multinacional, ela não fará novos contratos com Estados e Municípios, assim como o fornecimento da vacina no mercado privado brasileiro “será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal”.
Em Campo Grande, a vacinação na rede particular com o imunizante começou em julho de 2023, na ocasião valores por doses variavam entre R$ 700 e R$ 900. Diferente do cenário obtido meses atrás, quando a procura pelas doses era considerada baixa, atualmente, as vacinas já estão esgotadas em algumas clínicas, como por exemplo, na rede Vaccine Care o imunizante não está disponível e a farmacêutica aguarda na fila de espera. “Estamos aguardando uma nova remessa, vamos priorizar quem já se vacinou conosco com a 1ª dose”, cita uma atendente.
Na clínica Imunitá o imunizante também está em falta e sem previsão para chegada. Para os pacientes que tomaram a primeira dose e deixaram reservada a aplicação da dose de reforço, o imunizante está reservado, caso contrário é necessário aguardar.
Quem também está na mesma situação é a clínica Immune Life, onde também não é possível encontrar o imunizante e ainda não existe data para renovar o estoque. Conforme informações repassadas pelos atendentes, o paciente que deseja se imunizar contra a doença precisa deixar o nome na lista de espera pois a quantia que deve chegar é pouco para atender toda a demanda.
MS debate medidas para os municípios
O Ministério da Saúde confirmou que vai começar a distribuir as doses para os Estados e Municípios. Contudo, conforme noticiado pelo jornal O Estado, mesmo diante do aumento da doença, Campo Grande adotou a estratégia de monitorar os casos, sem apresentar assim, um plano de contingência, diferente de outras cidades, onde a situação de emergência foi decretada.
Contudo, ontem (7), o Governo de Mato Grosso do Sul reuniu órgãos públicos, estaduais e municipais, para debater e analisar estratégias para combater as arboviroses. Autoridades reforçam a necessidade de medidas de prevenção e a preocupação com o aumento de casos no Estado, que ainda não são alarmantes, mas ratificam que todo cuidado é pouco, pois essas são doenças que são transmissíveis e se alastram de forma rápida.
“Essa ação é uma estratégia da Secretaria Estadual de Saúde que visa fazer um alerta a todas as secretarias municipais, a todo o público que lida diretamente com o atendimento dos pacientes que são acometidos, tanto pela Covid, quanto pelas arboviroses, especialmente a dengue. Com o intuito de nós construirmos uma rotina, de construirmos um encadeamento de ações que possam prevenir o agravamento das epidemias e dar maior conforto à população em termos de atendimento”, pontuo o secretário estadual de saúde, Maurício Simões.
O secretário estadual de saúde ainda afirmou não existir uma previsão para chegada das vacinas no Estado. Ainda, revela que o Ministério da Saúde está analisando ampliar o número de imunizantes para atender o maior número de pessoas, incluindo mais idades do público prioritário.
“O que temos é uma previsão inicial do Ministério da Saúde, ainda não temos a previsão de chegada. O público a ser vacinado está estabelecido, os adolescentes de 10 a 14 anos, o público jovem que ainda não entrou em contato com a doença, esses que a gente poderia prevenir nesse momento o acometimento da doença. Mas com essa explosão de números de casos nos Estados de Minas Gerais, Goiás, na cidade do Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde já está estudando a possibilidade de ampliar o público vacinal”, explica.
A Covid-19 mostrou um aumento de 529% da terceira para a quarta semana epidemiológica deste ano, fechando o primeiro mês de 2024 com 1076 casos confirmados. Os números do último Boletim Epidemiológico publicado pela SES (Secretária Estadual de Saúde) indicam um aumento de 700 novos casos, aumentando para 1776 os registros de ocorrências. Ainda, 16 pessoas morreram em decorrência da doença, somente este ano, a maioria são idosos e pessoas com a vacinação atrasada, de acordo com a gerente técnica de influenza e doenças respiratórias, Lívia Melo.
“Neste momento, com uma crescente de número de casos confirmados. É uma crescente, discreta, ainda nada comparada com aquilo que a gente já passou em números anteriores. Aumentou nas últimas três semanas epidemiológicas, esse aumento é de casos leves de Covid, mas que não houve internação, não houve sinais de agravamento. Na última semana nós tivemos dois óbitos por Covid e o total deste ano, em 2024, foram 16 óbitos. Importante destacar que desses 16 óbitos, grande parte é demaiores de 60 anos, ou seja, um grupo de risco, um grupo que já é prioritário e um grupo que tem desenvolvido uma maior gravidade da doença, outra coisa que nós temos observado nesses óbitos é o esquema vacinal incompleto, então são pessoas que tomaram as últimas doses em 2021, 2022, estando então atrasados quanto ao reforço da vacina e a gente sabe que o reforço é fundamental para a resposta à doença”, conta.
Por Inez Nazira e Thays Schneider
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