Entrevista da semana é com o Coronel Waldir Ribeiro Acosta

“Lá, o enfrentamento é diário”, aponta o comandante sobre ação na antiga rodoviária”

Coronel Waldir Ribeiro Acosta/Polícia Militar de Mato Grosso do Sul

A previsão de público maior circulando na área central no fim de ano – com a conclusão das obras do Reviva Campo Grande – fará a Polícia Militar redobrar as ações. O coronel da Polícia Militar Waldir Ribeiro Acosta informou que haverá mais viaturas, policiais equipados com armas ponto 40 e também a utilização de drones, além do apoio de monitoramento. Outra prioridade na região central neste período de festividades será o reforço da segurança na antiga rodoviária. Local que concentra aglomeração de dependentes químicos e moradores de rua. Segundo Acosta, o objetivo dessa série de ações é desenvolver um trabalho em parceria com o município e o Hospital Santa Casa, na busca por internações de pessoas de forma compulsória, e combater o tráfico de drogas. O comandante adiantou que aguarda o fim do concurso para colocar mais 450 militares nas ruas. O processo seletivo está atrasado em função de recursos impetrados pelos candidatos. O coronel da Polícia Militar Waldir Ribeiro Acosta, que está há 33 anos na corporação, assumiu o cargo de comandante-geral em 2017.

O Estado: Como está a situação da antiga rodoviária? E quais alternativas estão sendo adotadas para diminuir a insegurança de quem mora ou frequenta a região por causa da agência dos Correios?
Acosta: Lá é um trabalho desenvolvido pelo 1º Batalhão, que tem sido realizado pelo comandante tenente-coronel Claudemir de Melo Domingos. Nós temos recebido apoio de outras forças, além do grupamento diário, como Tático, o Choque, o canil, a agência central de inteligência, dando suporte para que se possa reduzir os índices criminais na região. Nós possuímos no local muita gente doente em relação ao consumo de drogas. Está sendo desenvolvido um trabalho em parceria com o município e com o Hospital Santa Casa, para buscarmos a internação dessas pessoas de forma compulsória. Já existe uma comissão para que a gente possa avançar neste quesito. Lá, o enfrentamento é diário, são feitas operações policiais e retirados das ruas alguns traficantes, assim como algumas pessoas com mandado de prisão, pois a maioria possui denúncias de furto e de roubo. Acabam não indo à Justiça e o processo ganha revelia, e, vez ou outra, é decretada a prisão preventiva, e, no momento da abordagem, nós acabamos detendo essas pessoas.

O Estado: Como vai funcionar a internação compulsória e quantas pessoas este projeto deve atingir?
Acosta: É em torno de dez pessoas, que é um trabalho que tem sido feito para que se possa avançar, mas ainda depende de diversos fatores, e é um trabalho em conjunto do Ministério Público, da Santa Casa, e, com esse conjunto, isso pode ser aprovado. Mas o primeiro passo é ter um local com o aval do MP-MS e demais órgãos do Estado para que nós possamos avançar com este projeto.

O Estado: O Reviva Campo Grande vai ser entregue neste mês e é esperado um aumento no número de pessoas que circulam no Centro. Em função disso, o que vai ser feito para garantir a segurança?
Acosta: Estamos com um concurso em andamento, e nesta última fase, o teste de aptidão física foi concluído. Assim que for completamente liberado pela empresa que ganhou o concurso, a academia vai ter mais policiais que podem ser realocados para fazer o policiamento naqueles locais, seja a pé ou em viaturas. Nós também colocaremos o efetivo administrativo nas ruas, principalmente no fim do ano, para melhorar ainda mais o policiamento naquele local.

O Estado: Quando os novos policiais assumem?
Acosta: Estamos aguardando, pois houve vários recursos administrativos, e até judiciais de algumas pessoas, informando que poderiam melhorar as notas e os testes de aptidão física. Com o término desse concurso, assim que estiver tudo pronto, nós vamos iniciar a academia, que contempla 450 para PM, dos quais são 388 para soldados, 50 para oficiais combatentes e 12 para oficiais adequados de saúde.

O Estado: Quais são os recursos tecnológicos que auxiliam o monitoramento?
Acosta: No fim do ano passado, vamos trabalhar com drones para ampliar a visão no monitoramento. Este ano, nós contamos com o apoio de câmeras de monitoramento, uma parceria com o projeto “Cidadão Integrado”, produzido pela CDL [Câmara de Dirigentes Lojistas]. Esse projeto cede as imagens para a Sejusp [Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública], que repassa as imagens para a Polícia Militar, então o 1º Batalhão tem algumas imagens da área central que prestam apoio à guarnição.

O Estado: Quais são os outros meios utilizados no monitoramento?
Acosta: Nós trabalharemos com viaturas, e os policiais estarão equipados com armas ponto 40, contando também com a utilização de drones, que apoiam esse monitoramento.

O Estado: O que muda no trabalho de segurança deste ano em relação ao do ano passado?
Acosta: Todo fim de ano, por existir esse aumento de pessoas que visitam a área central, principalmente a área de comércio, nós buscamos fortalecer o policiamento. Existe aquela época em que se inicia o período de ida às compras, em que, ao mesmo tempo, a CDL e a Associação Comercial [e Industrial de Campo Grande] dão início aos projetos, e com isso nós buscamos instaurar o aumento do policiamento. A partir daí, nós começamos a usar os materiais que temos disponíveis, que é o material humano, juntamente com a logística, para que possamos melhorar esse policiamento.

O Estado: Como estão os índices de criminalidade neste ano?
Acosta: Nós temos até o mês de setembro computados. De acordo com os últimos dados registrados, nós notamos a redução nas 12 categorias em que são aferidos pela Sejusp, sendo eles: homicídio doloso; homicídio culposo no trânsito; roubo seguido de morte; feminicídio; roubo; furto; roubo de veículo; roubo em residência; furto em residência; furto de veículo; roubo em via pública; e roubo em estabelecimento comercial. Os dados foram reduzidos, por exemplo, em um total de 57,9% no número de roubos seguidos de morte, e no que menos se notou redução foram os feminicídios, que se reduziram num total de 4%, mas os outros que representam os demais obtiveram redução acima dos 10%.

O Estado: O que representa essa redução para a corporação?
Acosta: Existem vários fatores que contribuem para esse resultado. Nós temos um balanço até o dia 29 de outubro que aponta o número de ações preventivas, e até essa data a PM realizou 24 mil ações preventivas, em que foram abordadas 885 mil pessoas e 493 mil veículos. Com essa parte preventiva, realizando as ações policiais, nós buscamos retirar de circulação pessoas com mandado de prisão, armas e drogas, que acabam por refletir nos números.

O Estado: Quais são os projetos sociais desenvolvidos pela PMMS?
Acosta: Nós temos diversos projetos sociais desenvolvidos pela PM. Temos o Florestinha, que é voltado para o meio ambiente; o Sematran, que contempla a parte do trânsito; a Patrulha Mirim; a banda sinfônica mirim da corporação; temos também a primeira escola com gestão compartilhada, que era um projeto da banda mirim e passou a ser esse novo projeto que teve a escola montada em Chapadão do Sul. Lá nós atendemos cerca de 1,5 mil alunos entre crianças e adolescentes, e está implantado o ensino integral, sendo parte desse ensino, implantado por meio da PM, a hierarquia, a cidadania e a disciplina. Essas crianças estão sempre com a farda da corporação, o que é muito importante, já que nós notamos que alguns pais com filhos em escolas particulares têm buscado migrar para essa escola, que é municipal, mas possui o termo de cooperação da Sejusp, da PM e do governo do Estado. Nós conseguimos que com isso melhorassem as notas – a média comum é 6, mas, para continuar no projeto, é necessário manter média acima de 7, e a maioria está entre 8, 9 e 10.

O Estado: Os projetos são voltados para alunos de qual faixa etária?
Acosta: Geralmente são de 12 a 17 anos; nós iniciamos o trabalho com elas e depois vamos trabalhando hierarquia e disciplina. Nós tivemos, recentemente, um concerto da nossa banda sinfônica no Teatro Glauce Rocha, e nós observamos que a maioria está com conhecimentos bastante aguçados. Eles conseguem tocar diversas músicas e isso para nós é muito importante. Nossa banda completou dez anos, tendo início em 2009.

(Texto: Amanda Amorim)

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