Doar: verbo bitransitivo e pronominal, que tem o significado de entregar-se; demonstrar dedicação a uma causa ou pessoa. À medida que o Natal se aproxima, cresce também o desejo coletivo de ajudar, compartilhar e olhar com mais atenção para quem vive em situação de vulnerabilidade. É nesse contexto que o Dia de Doar ganha ainda mais significado. A data, celebrada no início de dezembro, no dia 3, convida pessoas, empresas e organizações a transformarem empatia em ação concreta, fortalecendo a cultura da doação e do cuidado com o próximo.

Foto: reprodução/FSF
Mais do que um simples dia no calendário, o Dia de Doar representa um movimento global que lembra que a solidariedade não deve ser exceção, mas prática contínua, especialmente em um período simbólico como o Natal, tradicionalmente marcado pela generosidade.
O Dia de Doar surgiu em 2012, nos Estados Unidos, como uma resposta direta às datas comerciais que dominam o fim do ano, como a Black Friday e a Cyber Monday. A ideia era simples e poderosa: criar um dia dedicado exclusivamente à doação, seja de dinheiro, tempo, serviços, talentos ou atenção.
No Brasil, a iniciativa chegou em 2013 e passou a ser celebrada oficialmente a partir de 2014, ganhando adesão de organizações sociais, empresas e cidadãos. Atualmente, o movimento está presente em mais de 90 países, consolidando-se como uma das maiores mobilizações globais em prol da solidariedade.
A proximidade do Natal reforça o espírito da doação. É nessa época que muitas pessoas se sentem mais abertas à empatia, ao perdão e à partilha. No entanto, o movimento propõe ir além dos gestos pontuais, mostrando que doar pode, e deve, ser um hábito permanente.
Ao incentivar ações solidárias nesse período, o mês dedicado à doação, ajuda a canalizar esse sentimento coletivo para iniciativas estruturadas, capazes de gerar impacto real e duradouro na vida de quem mais precisa.
Fraternidade Sem Fronteiras: solidariedade que ultrapassa limites, projetos que educam, acolhem e transformam
Entre as organizações que simbolizam o espírito de doação e ajuda ao próximo, está a FSF (Fraternidade Sem Fronteiras). Fundada em 2009, em Campo Grande (MS), a organização nasceu do voluntariado e hoje atua no Brasil, na África e em outras regiões do mundo, promovendo acolhimento, educação, saúde, segurança alimentar e resgate da dignidade humana.
Com projetos humanitários sustentados exclusivamente por doações, a FSF impacta diretamente mais de 37 mil pessoas, sempre com a proposta de não apenas assistir, mas oferecer condições reais para que indivíduos e comunidades reconstruam suas próprias histórias.

Equipe de comunicação da Fraternidade Sem Fronteiras em Campo Grande – Foto: Juliana Aguiar

Tatiane Resende – Foto: reprodução/FSF
Atualmente, a Fraternidade Sem Fronteiras mantém 11 projetos humanitários, com atuação no Brasil, na África e apoio a refugiados. Entre eles estão iniciativas com crianças órfãs, pessoas em situação de rua, mulheres refugiadas, jovens universitários e crianças com doenças raras. A coordenadora de comunicação e marketing da FSF, Tatiane Rezende, explica que a organização aposta no engajamento humano como base da doação:
“A fraternidade é um movimento voluntário. A doação financeira nasce da conexão com a causa. As pessoas não ajudam por pena, mas porque se envolvem e acreditam na transformação.”
Segundo Tatiane, um dos maiores diferenciais da FSF é o relacionamento com os doadores. Quando o doador cria vínculo com a causa. Atualmente, mais de 12 mil padrinhos fixos contribuem mensalmente para manter os projetos ativos.
“Muitas pessoas entram em contato quando o boleto não chega. Isso mostra compromisso e envolvimento real. Não é apenas uma doação, é uma escolha de vida.”
“Quanto mais doações, mais vidas transformadas”
O fundador e presidente da Fraternidade Sem Fronteiras, Wagner Moura Gomes, reforça que o ato de doar é um convite a enxergar o outro com empatia e responsabilidade coletiva.
“O Dia de Doar é uma oportunidade para olhar sem fronteiras e com fraternidade para os irmãos. Quem contribui ajuda pessoas que chegam sem vínculos, sem forças e sem esperança, mas encontram acolhimento, cuidado e a chance de recomeçar. Quanto mais doações conseguirmos, mais vidas serão transformadas, em todos os dias do ano.”

Wagner Moura, fundador-presidente da FSF – Foto: reprodução/FSF
A força de quem está na linha de frente
Para quem atua diretamente no relacionamento com padrinhos e voluntários, o Dia de Doar também é um momento especial. A supervisora de relacionamento Tamara Oliveira destaca a sensibilidade do fim de ano. “Nas campanhas de Natal, vemos pessoas ajudando com o que podem. Não importa o valor. O que importa é o coração e o desejo de ajudar.”
Já a assistente de relacionamento Danielly Rodrigues ressalta o impacto humano do trabalho. “Trabalhar com pessoas é desafiador, mas extremamente enriquecedor. A fraternidade nos ensina a sermos mais humanos todos os dias.”
A auxiliar de relacionamento Bruna Fregnani chama atenção para um comportamento raro. “Aqui, os padrinhos procuram a gente para doar. Quando o boleto não chega, eles entram em contato. Isso mostra o quanto a causa é importante para eles.”
Fotos: reprodução/FSF
Campanha do Dia de Doar foca acolhimento em Campo Grande e pizza beneficente prolonga a mobilização solidária
Neste mês, a Fraternidade Sem Fronteiras lançou uma campanha especial para manter o funcionamento da Clínica da Alma, parceira do Projeto Fraternidade na Rua – polo Campo Grande. A iniciativa busca arrecadar recursos para garantir o atendimento gratuito a pessoas em situação de rua e/ou em tratamento por dependência química.
Atualmente, a Clínica da Alma acolhe mais de 200 pessoas, oferecendo cinco refeições diárias, moradia, roupas, atendimento médico, odontológico, psicológico, além de apoio emocional, espiritual e atividades ocupacionais. Toda a permanência é voluntária e o atendimento é separado entre homens e mulheres, incluindo famílias com filhos.
A meta da campanha é arrecadar R$ 150 mil, valor essencial para cobrir despesas básicas e manter o serviço ativo, que enfrenta um déficit financeiro significativo.
A campanha Juntos pela Clínica da Alma segue até 21 de dezembro, com uma Ação Beneficente de Pizzas. As pizzas, nos sabores calabresa e marguerita, custam R$ 50 e poderão ser retiradas das 9h às 14h, na Igreja Tabernáculo da Glória, na Rua Brilhante, 2190, em Campo Grande. A meta é vender mil unidades. Informações e pedidos pelo WhatsApp (67) 98475-5638.
As contribuições podem ser feitas pelo site da organização ou via Pix, pela chave alma@fraternidadesemfronteiras.org.br.
Clique aqui para mais informações sobre a campanha!
“O voluntariado é vida em abundância”
Auta Martins, assistente social e voluntária da Fraternidade Sem Fronteira, desde 2010, conheceu a organização por meio da neta, que participou da fundação do primeiro centro de acolhimento da instituição em Moçambique. Inicialmente desiludida com trabalhos sociais, ela conta que não se interessou de imediato pela proposta. Segundo Auta, o que a motivou a se tornar voluntária e madrinha foi a seriedade e o caráter humanitário da Fraternidade Sem Fronteiras.

Auta Martins – Foto: reprodução/FSF
“Estava bem desiludida com os trabalhos sociais, por não ter encontrado nada sério que realmente ajudasse os mais necessitados”, relata. Meses depois, em um momento pessoal difícil, decidiu procurar o fundador Wagner Moura Gomes e, após conhecer o projeto, iniciou sua atuação na organização. Era a oportunidade de trabalhar em um projeto sério, com base na fé e na possibilidade real de ajudar crianças que eram invisíveis, morrendo de fome e esquecidas de todos”, afirma. Ela destaca ainda que a dependência de doações voluntárias reforçou sua crença na bondade humana. “Aquilo que parecia quase uma utopia preencheu meu coração de esperança de participar da construção de um mundo melhor”, completa.
Para a assistente social, o voluntariado tem um significado profundo. “O trabalho assistencial voluntário é vida, vida em abundância”, define. Auta explica que, por meio dessas ações, crianças, idosos, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade passam a ser vistas e acolhidas com dignidade. Ela também ressalta o impacto em quem doa: “Com um pouquinho do que sobra — seja tempo, capacidades ou bens materiais, é possível dar sentido à vida de outro ser humano e também à própria”.
Clique aqui e conheça os projetos atendidos pela Fraternidade sem Fronteiras.
Solidariedade em rede: outras organizações que atuam no Brasil
Assim como a Fraternidade Sem Fronteiras, milhares de organizações da sociedade civil desenvolvem, diariamente, ações de acolhimento e assistência em todo o país. De acordo com dados do IBGE, por meio do levantamento FASFIL (Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil), o Brasil conta com mais de 815 mil organizações da sociedade civil, muitas delas voltadas à assistência social, direitos humanos, saúde e combate à pobreza.
Entre as instituições com atuação semelhante à FSF estão a Ação da Cidadania, criada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, referência nacional no combate à fome; a Pastoral do Povo da Rua, ligada à Igreja Católica, que atua diretamente na defesa de direitos e no acolhimento de pessoas em situação de rua; e a Missão Belém, presente em diversos estados, oferecendo abrigo, alimentação, acompanhamento terapêutico e reinserção social para pessoas em extrema vulnerabilidade.
Dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que as organizações da sociedade civil são responsáveis por atender milhões de brasileiros todos os anos, especialmente em áreas onde o poder público enfrenta limitações estruturais. Já o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) aponta crescimento contínuo no investimento social privado e nas doações individuais, movimento impulsionado por campanhas como o Dia de Doar e pelo fortalecimento da cultura da solidariedade no país.
Um gesto simples pode mudar destinos
O Dia de Doar reforça que a solidariedade não depende de grandes gestos, mas de decisões conscientes. Em um período marcado pelo espírito natalino, a data lembra que doar é um ato de amor que transforma realidades, resgata dignidades e constrói, todos os dias, um mundo mais humano e fraterno.
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