Dispersão dos filhos leva pais a optarem pelo ensino presencial na rede privada

As escolas particulares estão iniciando o ano letivo aos poucos. Nessa segunda-feira (1º), mais alguns colégios voltaram e, segundo os pais que optaram pelo retorno presencial, a dispersão dos filhos foi determinante para a escolha. Isso porque a decisão sobre se o aluno vai estudar presencialmente ou de forma remota fica a cargo da família.

A operadora de caixa Marilene Cavanha, 43 anos, tem duas filhas em idade escolar, uma de 8 e outra de 10 anos. Segundo ela, em casa, as filhas não mantinham o foco durante as videoaulas. “Não sei se pelo fato de trabalhamos fora, elas dispersavam demais e não conseguiam aprender. Eu tive até que pagar aula de reforço para as duas, então para mim, o ensino presencial é muito melhor, elas aprendem mais”, assegurou.

Para o pastor Humberto Marcos, 50 anos, além da dispersão, teve ainda a questão de o ensino remoto ser algo muito novo e que precisa de aperfeiçoamento para que dê certo. “O ensino on-line é o mais razoável e mais sensato diante de uma pandemia como está que estamos vivendo e que os casos seguem aumentando, mas, para ser 100%, precisa de melhorias. Minhas filhas, uma de 10 e outra de 13 anos, não tiveram dificuldade de aprendizagem, mas se dispersavam muito e eu tinha de ficar no pé”, ressaltou.

Cirlene Magalhães, 47 anos, é funcionária pública. De acordo com ela, a filha de 9 anos pedia para voltar para a escola, mas somente neste ano se sentiu segura em trazer a filha para estudar presencialmente.

“Quando voltou no fim do ano passado, ela continuou estudando de casa, não era a favor da volta. Mas este ano foi diferente, me senti segura a ver como a escola se preparou para o retorno em relação as normas de biossegurança e higienização dos locais de convívio. Agora, claro, que o ensino presencial é muito melhor, a criança fica mais concentrado com a presença do professor”, disse.

Os filhos desses pais estudam no colégio Raul Sans de Matos da Funlec. Conforme o gerente pedagógico do grupo, Hudson Ortiz, em média 30% dos pais do Ensino Fundamental e Médio optaram pelo presencial. Já dos alunos da ensino infantil, esse percentual aumenta para 50%.

“Acredito que esse percentual seja maior depois do carnaval e mais pais devem levar os termos de autorização para aulas presenciais. Mas em relação as salas, tivemos que fazer um revezamento semanal entre os alunos com a capacidade de 30%, porque temos salas até com 80%, mas em média 60%”, explicou.

No colégio Harmonia, os ensinos Fundamental I e II voltaram ontem. Mais de 80% dos pais dos alunos do Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano, optaram pelo ensino presencial. E, assim como na Funlec, a escola teve de fazer um rodízio semanal dos alunos de algumas turmas. A escola revezou também o início do ano letivo para os ensinos Infantil e Médio, que começaram no dia 25, e para o berçário, dia 13 de janeiro.

“Nós fizemos também, em raazão de o prédio atender o Fundamental II e o Ensino Médio, para não haver aglomeração, o escalonamento dos portões, então uma turma entra pelo protão principal da unidade e outra pelo portão lateral”, garantiu a coordenadora do colégio, Catia Costa.

A coordenadora explicou que, no caso da escola, a dispersão dos alunos no ensino remoto também foi um dos motivos para o alto índice de escolha pelo ensino presencial. “Estamos falando de crianças e adolescentes, então o ensino presencial acaba promovendo melhor essa concentração, o foco, porque o professor tem estratégias para chamar atenção do aluno. No remoto, o aluno está sozinho, tem diversos fatores que dispersam a atenção dele dentro de casa”, garantiu.

Sobre o início das aulas, cada escola tem a liberdade de elaborar o seu calendário e determinar o retorno, conforme o Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares). No colégio Status, por exemplo, o retorno das aulas está marcado apenas para o dia 18 de fevereiro, depois do carnaval. “O que a escola tem de observar é o número mínimo de dias que o ano letivo precisa ter e carga horaria mínima. Sendo cumpridos esses dois critérios, as escolas têm a liberdade de fixar o início do ano letivo”, disse Maria da Glória, presidente do sindicato.

Texto: Rafaela Alves

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