Diagnosticada com esclerose múltipla, ela vence um dia após o outro sem reclamar

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Aos 36 anos fui diagnosticada com esclerose múltipla. Mas isso não aconteceu da noite para o dia e muito menos me impediu de sonhar, viver e lutar.” Gleyci Laura Yule de Resende, hoje com 40 anos, tem três filhos, é casada e essa semana resolveu abrir sua casa, seu coração e sua história com o objetivo de despertar nas pessoas força e coragem para enfrentar qualquer adversidade com fé e bom humor: “Eu me nego a desistir”.

Com o perfil no Instagram @umdiaaposoutro1981, Gleyci quer apresentar um pouco dessa história e, talvez, ajudar pessoas que possam passar pelo mesmo que ela, já que seu diagnóstico demorou dois anos para ser concluído. “Tudo começou em 2014. Apresentava formigamentos na perna direita. Trabalhava muito, viajava para o interior toda a semana porque eu precisava sustentar meus filhos. Por isso não me importava com a dor, que começava como se fosse nervo ciático e ia até o pé. Tomava injeções de Diprospan. Uma vez, estava em Dourados a serviço e não conseguia me levantar. Estava sem força nas pernas. Uma amiga de quarto me levou até a farmácia, tomei uma injeção e em 40 minutos tava boa para continuar trabalhando feito ‘louca’. Trabalhava tanto que esquecia a dor. Eu só tinha 33 anos, não achava que podia ser algo grave”, relatou. 

Gleyci vendia consórcios e ganhava comissão. “Ouvia meu chefe dizer que, para ganhar salário de médico, tinha de trabalhar feito um e por isso me perdia no tempo”, lembrou. Dois meses depois desse episódio em Dourados, ela seguiu para a próxima cidade: Corumbá.

Um dia, na pousada onde eu estava hospedada, lá pelo quarto dia de trabalho, fiquei pior! Tive muita dor de cabeça e senti as pernas sem forças. Me levaram em uma farmácia onde o dono era um médico boliviano. Ele me deu uma injeção e perguntou se poderia me examinar. Eu deixei. Ele olhou do topo da minha cabeça até o calcanhar e disse que eu tinha um problema de coluna. Mandou eu ir a um médico urgente porque eu iria paralisar. Nem dei ouvido! Era um médico que nem me conhecia. Continuei trabalhando.”

Passado um tempo, estava em casa numa tarde de sábado quando começou a sentir uma dor de cabeça muito forte. Tentou se levantar e a perna dobrou levando ela direto pro chão. No hospital, pra onde foi levada às pressas, o diagnóstico era assustador. Câncer na coluna. “Fiquei desesperada, mas nunca sem perder a fé, porque eu acreditava que não era aquilo. Eu achava que tudo passaria.”

Sua principal crise a paralisou quase por completo. Não segurava o pescoço, os braços, as pernas e até as funções mais simples como urinar. Nesse dia, sabendo que já tinha uma consulta agendada para dali a dois meses, desesperou-se e ligou para a secretária do médico implorando atendimento. “Eu não posso ficar inválida, tenho dois filhos, me ajuda por favor”, dizia ao telefone.

“Foi nesse dia que Deus agiu na minha vida e o médico me deu a resposta de que tinha cancelado uma cirurgia e eu pude ser atendida. Fui internada com uma paralisia global e levada à cirurgia.”

Ela estava com oito tumores na vértebra, o que ocasionou a paralisia. Aquilo que os primeiros médicos disseram se tratar de um câncer na coluna eram nódulos benignos que a paralisaram. “Foram muitos meses na cama, na cadeira de rodas e na fisioterapia sem sucesso. Até que o médico resolveu partir para uma investigação mais aprofundada, seguindo a linha das doenças autoimunes”, relata.

Nesse meio-tempo, com duas crianças pequenas e um filho adolescente que havia, por conta própria, decidido ir ao seminário para seguir a vida religiosa aos 15 anos, Gleyci tinha o apoio irrestrito dos pais, mas o marido na época, pai das crianças, não entendia. “Nossa, eu sofri muito. Ele me chamava de aleijada. Quase enlouqueci, achava que nunca mais ia ter alguém”, desabafou. “Hoje eu sei que o fim do meu primeiro casamento foi um livramento, principalmente porque, no período em que eu estava com ele, tinha surtos toda a semana e ia parar no hospital.”

(Confira a matéria completa na página A5 da versão digital do jornal O Estado)

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