Defesa das mulheres vítimas de violência é pauta de 1ª Conferência Estadual de Delegacias

Evento contou com
autoridades e membros
da Polícia Civil de MS
contra a violência ( Nilson Figueiredo e Divulgação)
Evento contou com autoridades e membros da Polícia Civil de MS contra a violência ( Nilson Figueiredo e Divulgação)

Este ano, houve aumento de 75% dos casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul

 

Autoridades da segurança pública de Mato Grosso do Sul se reuniram na 1ª Conferência Estadual de Delegacias de Atendimento às Mulheres, realizada no Bioparque Pantanal nesta quarta-feira (20). Entre os desafios está a padronização dos atendimentos realizados dentro das unidades da Polícia Civil, em que algumas Salas Lilases, criadas para acolher as vítimas de violência doméstica, ainda é administrada por homens e evita a revitimização.

Segundo a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Benicasa, o conceito de revitimização precisa ser mais discutido entre os policiais. “Isso é geral, em todo País. As pessoas ainda não têm noção do conceito e suas consequências, por isso é importante trazer tudo que se fala entre as mulheres para os homens das delegacias”, defende.

Além de atualizações, o evento traz capacitação e motivação aos servidores que atuam na proteção dessas mulheres. O trabalho já se tornou referência e o Estado está perto de sair das primeiras colocações de registros de feminicídio.

O objetivo é simples: capacitar e motivar. Não é uma matéria fácil, é desgastante. Capacitação porque percebemos que precisamos da padronização em todo estado. Ainda temos salas lilás dirigidas por homens. É cedo para dizer, acreditamos que o Estado vai sair dos três estados que matam mais mulheres”, reforça a delegada.

Entre as instituições que atuam na rede de apoio às vítimas, a Defensoria Público se fez presente, com o Nudem (Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), coordenado pela defensora Zeliana Sabala. “As pessoas têm que conhecer o nosso trabalho em defesa da mulher, pois podem contar com a nossa atuação em qualquer parte do Estado. Isso que compartilhamos aqui, a atuação da Defensoria na rede de apoio”, completa Zeliana.

Para o governador Eduardo Riedel (PSDB), o trabalho de enfrentamento começa com o reconhecimento de que ainda há muitos casos sendo registrados no Mato Grosso do Sul e é papel da gestão criar políticas públicas combativas.

“Não podemos admitir que esse tipo de coisa ainda aconteça nos tempos de hoje, por isso reforçamos política pública nesse sentido, aliada a estratégias preventivas, pois não tem cabimento essas violências continuarem. Acreditamos que a primeira ação é comunicação correta, com a tipificação correta do crime, para poder fazer esse combate na altura que a sociedade merece”, concluiu o governador.

Atualmente, o Estado conta com 12 delegacias de atendimento à mulher e 38 Salas Lilás. As demandas referentes à violência contra as mulheres tem aumentado bastante, pois só no ano de 2023 foram registrados no estado 114 feminicídios tentados e 31 feminicídios consumados.

No ano passado foram registradas 19.626 ocorrências de Violência doméstica em todo o Estado, só na Capital foram mais de 8 mil ocorrências. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2024, foram registrados 7 feminicídios em Mato Grosso do Sul, destes, 1 caso foi registrado em Campo Grande. Em comparação com o mesmo período de 2023 (janeiro e fevereiro), quando foram contabilizados 4 casos no estado, houve um aumento de 75%.

 

Por Kamila Alcântara

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