Nem sempre eles estão na linha de frente, cuidando dos pacientes que estão nas unidades de terapia intensiva (UTIs) dos hospitais ou em Postos e Unidades Básicas de Saúde (UBS), mas os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos em enfermagem e tantos outros profissionais que estão se arriscando todos os dias para atuar no combate à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, têm um título em comum: heróis da saúde.
Seja nos primeiros momentos, identificando os sintomas, realizando exames e aferindo a temperatura, ou no estado mais crítico, quando há necessidade de auxiliar os sistemas do corpo a manter suas funções vitais, cada um desses trabalhadores exerce papeis fundamentais na luta contra a pandemia. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o número de profissionais contaminados cresce a cada dia e já soma mais de cinco mil no país. O medo tem se espalhado entre eles, mas a coragem e a vontade de continuar servindo têm sido muito maiores.
A técnica de enfermagem Márcia de Moura atua em um Hospital do Estado de Porto Velho, em Rondônia, e conta como essa nova realidade tem lhe afetado. “É uma experiência nova, não tão diferente pois a área a qual já atuava é infectocontagiosa, mas os cuidados se tornaram mais intensivos para não levar contaminação aos demais pacientes e também aos familiares”, explica.
Segundo Márcia, muita coisa mudou, inclusive, seus estudos que sofreram alterações por conta desse novo cenário. Além desse trabalho, ela está no 9º período do curso de Fisioterapia. “Após atuar como técnica em enfermagem, pensei em um curso superior e a fisioterapia, sem dúvida, foi a minha escolha.” Agora ela se divide em uma tripla jornada (estudos, casa e trabalho) para poder continuar cuidando das pessoas.
Em casa, a técnica conta com o suporte dos seus familiares para continuar lutando. “O incentivo vem da família, pai, mãe, filhos e companheiro que, no momento, se tornou o cuidador da casa e dos filhos”, diz a ela que está a poucos passos de realizar o sonho da graduação e deseja continuar colaborando na luta contra a pandemia.
Outra profissional que assim como Márcia tem o mesmo objetivo e disposição para cuidar dos pacientes que precisam de atendimento é Euzilene Duarte. Euzilene é enfermeira e atua em um hospital em Sorocaraba, São Paulo. Ela se formou em dezembro do ano passado, no mesmo período em que o coronavírus se espalhava por todas as regiões.
A enfermeira recebeu o diploma no mesmo mês que começaram a ser divulgados os primeiros casos de infecções do coronavírus e foi direto para a linha de frente. “Está sendo uma experiência nova na minha carreira e, ao mesmo tempo, dolorosa pelo fato dos pacientes com Covid-19 não poderem ter contato com seus familiares nem receber visitas durante as internações”, afirma.
Mãe de três meninas, Euzilene redobra a vigilância em casa. “Estou tendo todo cuidado. Quando chego em casa, já tiro minhas roupas no lado de fora. Sempre oriento elas também para manter os cuidados”, explica.
“Aos profissionais de saúde quero dizer que esse momento é delicado, estamos todos no mesmo barco e pedindo a Deus, todos os dias, que nos proteja e guarde a cada segundo. Tenham fé, força e dedicação a cada paciente que receberem”, declara a enfermeira. À população, Euzilene alerta para que cada um se cuide, previna-se, fique em casa, na medida do possível, e não se desespere.
Do outro lado da trincheira, estão os profissionais da saúde que atuam nas barreiras sanitárias. Integram a equipe que realiza a ação, pessoas da área de fonoaudiologia, fisioterapia, educação física, nutrição. Além de buscar a todo momento alertar a população sobre os riscos da contaminação, eles fazem uma espécie de triagem, realizando alguns procedimentos.
A fonoaudióloga Jacineide de Oliveira é uma das profissionais que continuam prestando serviços. Atualmente, ela só oferece assistência no Programa Melhor em Casa, na cidade de Simões Filho e suspendeu as consultas na clínica em que trabalha. Jacineide conta que o cuidado tem sido redobrado. “No ambiente de trabalho, ficamos de máscara o tempo todo e fazemos uso de álcool em gel o tempo todo. No atendimento usamos os EPIs: jaleco descartável, luva, óculos, viseira, touca e máscara. E o cuidado é dobrado, lavamos sempre as mãos e descartamos os materiais devidamente”, disse.
Jacineide não esconde o quanto essas mudanças foram significativas para ela. “Muita coisa mudou, não só na vida profissional. A rotina mudou muito. Parei de atender no consultório, a maioria dos atendimentos é feita por telemonitoramento. É bem complicado porque, além de ter um cuidado maior voltado para você como profissional, é preciso ter cuidado com os pacientes”.
A fonoaudióloga conta, ainda, que realiza orientações por teleconsultas para os cuidadores dos pacientes e os atendimentos em domicílio só acontecem quando há extrema necessidade. A fala da profissional revela o risco da contaminação: “um descuido e já era,” alerta. Mesmo com todo o perigo que a situação envolve, ela afirma que não imagina abandonar seu posto de trabalho. Além das questões salariais, existe o compromisso. “Gosto de atender e fico imaginando os pacientes sem atendimento. O paciente necessita de cuidados, principalmente agora”, conclui.
(Texto: Agência Educa Mais Brasil)