Confundidos com pistoleiros, indígenas apreendem dois policiais à paisana

Foto: Reprodução/CIMI
Foto: Reprodução/CIMI

Dois policiais federais à paisana foram confundidos com pistoleiros e detidos por indígenas Guarani Kaiowá. O caso aconteceu no final da tarde de ontem (29), no tekoha Jopara, retomada localizada no município de Coronel Sapucaia, localizado a 383 km da capital, próximo a região de fronteira com o Paraguai. Após serem identificados, os dois policiais foram liberados, de acordo com informações do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

As lideranças da retomada relatam que os indígenas viram homens armados e sem identificação, em uma caminhonete Hilux. No momento, acreditaram que fossem pistoleiros contratados por fazendeiros da região. Com receio de serem atacados, detiveram os homens e alertaram as autoridades.

Devido a falta de identificação oficial, as lideranças Guarani Kaiowá não acreditaram que ambos eram agentes da PF (Polícia Federal). Imediatamente, entraram em contato com as DPU e DPE (Defensorias Públicas da União e Defensoria Pública do Estado), a Funai (Fundação Nacional do Índio), o MPF (Ministério Público Federal) e a própria PF.

De acordo com o Cimi, após as autoridades confirmarem que os dois homens eram, de fato, agentes policiais, ambos foram liberados pela comunidade Guarani Kaiowá – que, no entanto, teme represálias e criminalização.

“Tínhamos certeza de que eram pistoleiros ou fazendeiros. Chegando assim armados, invadindo o território sem diálogo, sem nada, só podia ser um ataque. Foi por isso que prendemos e logo após prender chamamos as autoridades para pegá-los. Na nossa mente, um policial jamais agiria assim, com armas e rondando”, explica uma das lideranças do tekoha, não identificada por razões de segurança.

O conflito

O caso de ontem é parte de uma situação tensa na região. Em maio, como aponta o Cimi, o Tekoha Jopara foi retomado em protesto contra o assassinato do jovem Guarani Kaiowá Alex Lopes, de apenas 18 anos.

Segundo os indígenas, Alex teria sido morto na fazenda que, desde então, está sob a posse dos Guarani Kaiowá. A fazenda retomada é vizinha à Terra Indígena (TI) Taquaperi e próxima à fronteira com o Paraguai, onde o corpo de Alex foi encontrado no dia 21 de maio.

Desde então, a situação na região tem sido tensa, com ameaças e a presença constante de homens armados e seguranças privados. Numa ação judicial de reintegração de posse, que tramita na Justiça Estadual, os proprietários da área buscam obter o despejo dos indígenas.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Cimi.

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