Com biofábrica de mosquitos, casos de dengue caem 15% na Capital

Divulgação/Fiocruz
Divulgação/Fiocruz

Desde dezembro, mais de 7 milhões de insetos já foram liberados em cinco bairros

Em funcionamento desde dezembro de 2020, a biofábrica de mosquitos Wolbachia no Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, já liberou mais de 7 milhões de insetos, que possibilitaram a redução de pelo menos 15% do número de casos de dengue na Capital.

Para se ter uma ideia, até 6 de maio de 2020, o município já havia registrado mais de 7,7 mil casos da doença e 5 mortes. Em contrapartida, no mesmo período deste ano, apenas 1.190 casos foram confirmados, além de duas vítimas.

Quando presente nos mosquitos Aedes aegypti, a bactéria Wolbachia impede que os vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para a redução dessas doenças. A previsão é de que o método Wolbachia seja implementado em toda a área urbana da Capital em cerca de três anos.

A implementação do projeto na Capital é uma parceria entre prefeitura, SES (Secretaria de Estado deSaúde), Ministério da Saúde, Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e WMP (World Mosquito Program). As liberações dos mosquitos ocorrem uma vez por semana, em cada bairro, por 16 semanas. Além do Aero Rancho, outros cinco bairros são contemplados com a liberação nesta primeira fase: Guanandi, Batistão, Centenário, Coophavila II, Tijuca e Lageado. Nesses bairros, os wolbitos – como são chamados os mosquitos – são liberados por agentes de saúde.

Conforme o gestor local de implementação do WMP Brasil/ Fiocruz, Gabriel Sylvestre, a biofábrica libera cerca de 500 a 700 mil mosquitos por semana. “Estamos neste momento com cerca de 7 milhões de mosquitos já liberados em Campo Grande”, afirmou.

De acordo com Sylvestre, depois da soltura dos mosquitos em sete bairros, a fase dois será iniciada em mais 11 locais da Capital. “Já temos a aprovação inclusive dos moradores da próxima etapa e já começamos os trabalhos de engajamento da fase três. Ou seja, os territórios estão sendo informados, a população está ficando ciente do andamento do projeto”, explicou.

Mesmo assim, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mato Grosso do Sul voltou a registrar alta no número de infectados. Até este mês, foram contabilizadas 9,9 mil notificações de dengue, 508 a mais que na semana anterior. MS segue ocupando o segundo lugar no ranking nacional de incidência da doença, com 4.216 casos confirmados.

Entre as cidades com mais proliferação da dengue, Três Lagoas ocupa o primeiro lugar, com 1.190 casos confirmados, seguida por Corumbá com 612 e Campo Grande com 316. Já as cidades de Terenos, Tacuru, Ribas do Rio Pardo, Miranda, Jateí, Caracol e Alcinópolis dividem o último lugar com apenas um caso da doença em cada.

Método Wolbachia

Para a produção de Aedes  aegypti com Wolbachia em Campo Grande, inicialmente foram coletados mosquitos na cidade por meio de ovitrampas, que são armadilhas que coletam ovos. Este material foi enviado à sede da Fiocruz no Rio de Janeiro, onde foi criada uma colônia para cruzamento com mosquitos contendo Wolbachia.

Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com os insetos de campo. Esse método contribui para que uma nova geração de mosquitos com a bactéria seja criada, o que impede a proliferação das doenças endêmicas.

Não há modificação genética no método, que funciona como uma medida complementar às ações de combate ao mosquito Aedes aegypti que já acontecem em Campo Grande. O gestor da WMP, Gabriel Sylvestre, explicou que a biofábrica da Capital funciona como um berçário para os mosquitos encaminhados pela Fiocruz do Rio de Janeiro.

“Nós recebemos ovos vindos do Rio de Janeiro, onde há uma central de produção de ovos, e após eles eclodirem, criamos os mosquitos com Wolbachia”, relatou Gabriel. Após essa fase, os insetos são alocados em dispositivos de soltura.

A estimativa de produção semanal da biofábrica é de cerca de um milhão e meio de mosquitos com a bactéria presente. As liberações de mosquitos com Wolbachia ocorrerão em seis fases.

(Texto: Mariana Moreira)

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