Buracos fazem ‘aniversário’ e especialista cita fatores que contribuem para a situação

Foto: Na avenida Costa
e Silva, buracos 
são encontrados ao
longo de toda a via/Nilson Figueiredo
Foto: Na avenida Costa e Silva, buracos são encontrados ao longo de toda a via/Nilson Figueiredo

Sisep pontua que seis equipes atuam diariamente no tapa-buracos

A população da Capital convive diariamente com um dos problemas que já foram denominados como crônicos, os buracos em meio ao asfalto em diferentes bairros da cidade. Após as últimas chuvas desta semana, a reclamação voltou à tona, pois, mais uma vez, eles apareceram. A equipe do jornal O Estado foi às ruas e encontrou diversos buracos em vários pontos na Capital, em alguns casos, mais de um buraco foi identificado em uma mesma avenida, em outros, a própria vizinhança tentou consertar com medidas paliativas, no entanto, todas sem solução. Especialistas revelam os motivos que contribuem para tais registros. 

Na rua Professor Severino Ramos de Queirós, na Vila Glória, os buracos fazem “aniversário”, e, não há apenas um, são seis, em toda a sua extensão. Na avenida Costa e Silva, em frente à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a situação é preocupante pelo movimento de carros e pedestres. Em poucos minutos na via, a equipe viu como os carros desviam bruscamente, tentando evitar o pior. Contudo, na área, existe mais de um buraco – na rua Portuguesa, onde se encontra o penitenciário feminino, tem dois, na rua Trindade, em que há bastante movimento, também flagramos outro “vale”.

A região próxima ao Mercadão Municipal, onde trafegam ônibus e caminhões, também não ficou de fora das buracadas. Encontramos alguns na rua Miguel Couto que, segundo moradores, estão há algum tempo no local e sem previsão para arrumarem. Andando por ali, na avenida Fábio Zahran, também passa um número grande de veículos, pequenos e grandes, e pedestres e vimos um quase em frente ao ponto de ônibus. 

O último local visitado foi a rua Ouro Verde. O buraco foi tapado com pedaços de tijolos, para evitar acidentes. Conversamos com um comerciante local, que nos informou que o buraco está ali desde quando abriu a loja, a uns seis meses mais ou menos, mas que não há iniciativa da prefeitura para tapar.

“Faz uns quatro a seis meses que começou esse buraco. Era pequeno e foi crescendo, afundando. Ele está prejudicando tanto a circulação de carros como também pode até ocorrer um acidente. Possivelmente, moradores de rua colocaram aqueles tijolos no buracos. A gente não viu quem foi, mas foi da noite para o dia. É uma medida paliativa. Vejo o pessoal desviando e, muitas vezes, o carro, quando não tinha aqueles tijolos quebrados lá, passava aqui e fazia um barulho alto, podia até quebrar a suspensão. Numa ultrapassagem, pode até ocorrer acidente. Realmente, é muito perigoso deixar assim”, explicou Alan César, comerciante local. 

Para conhecer as explicações para tais aparecimentos, o engenheiro civil César Soares explica que a ocorrência de buracos pode estar relacionada com a maneira como os projetos de pavimentação são realizados. Uma vez que, um dos principais passos para a garantia de um asfalto sem esse problema se deve à ação de compactação do solo e os serviços de drenagem. 

“A terraplanagem é composta por subleito, sub-base, base e então vem o revestimento asfáltico. Devemos destacar que a espessura do asfalto se dará de acordo com o projeto informado pelos resultados de laboratório. Contudo, podemos destacar que em solos existem muitas fissuras, devido à umidade. Então, dependendo do solo, exige uma maior compactação e tratamento. Com isso, podemos dizer que a base desses buracos não está bem tratada e aquela umidade infiltra na camada, deslocando o revestimento”, explica. 

Questionado sobre as medidas que deveriam ser adotadas a fim de evitar tal ocorrência, o engenheiro cita a recomposição de materiais e a compactação do solo afetado. “Uma das maneiras adotadas para tratar essa problemática de incidência de buracos é fazer um corte na região, recompor com o material adequado, compactar, passar uma base de impermeabilização e, após esses passos, entrar com a aplicação asfáltica”, pontua. 

Na tarde de ontem (1º), a equipe de reportagem flagrou os trabalhadores da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) em meio a uma operação tapa-buracos na rua da Divisão. Para o jornal O Estado, a secretaria confirmou que diariamente são disponibilizadas seis equipes para esses trabalhos. “A Sisep mantém equipes que, diariamente, trabalham na manutenção das vias pavimentadas (tapa-buracos) e nas vias não pavimentadas, conforme tabela que pode ser acessada no site, na programação de serviços”, informou, em nota. 

Solução? 

Em maio deste ano, a prefeita anunciou o Contrato de Programa com o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região Central de Mato Grosso do Sul – Central MS, para a aquisição e pagamento de uma usina móvel de pavimentação asfáltica e uma pá carregadeira, para atender os municípios que compõem o bloco formado por Campo Grande, Sidrolândia, Jaraguari, Terenos e Dois Irmãos do Buriti. O projeto teve um investimento de R$ 5 milhões.

A ideia era uma usina móvel  de pavimentação asfáltica, com capacidade mínima de processamento de 60 a 80 toneladas/ hora, com o objetivo de acelerar e reduzir custos dos serviços de pavimentação das cidades. Campo Grande contribuiu com R$ 4 milhões, quantia correspondente a 80% do montante; Sidrolândia, R$ 494,1 mil; Terenos, R$ 224,1 mil; Dois Irmãos do Buriti, R$ 156,6 mil e Jaraguari custeou R$ 125,2 mil. 

A garantia era que o material utilizado e fabricado pela usina seria de extrema qualidade e teria agilidade no serviço de asfalto ou tapa buraco. A instalação da usina proporcionaria autonomia nos serviços que podem acontecer durante todos os dias e turnos. A Capital cederia a área onde a usina seria instalada. 

Em junho, seria feita a assinatura do Contrato de Programa, documento que permite aos municípios realizarem o empenho da verba necessária e, posteriormente, a publicação do edital de licitação. Todo o processo, até a entrega dos equipamentos, deveria durar cerca de quatro meses.

Por – Inez Nazira

 

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