Com plano de biossegurança, atendimento acontecerá de forma gradual e por agendamento
Interrompidas há mais de um ano e cinco meses, as cirurgias eletivas retornaram ontem (1º) na Santa Casa de Campo Grande, mas apenas 25% da demanda está sendo atendida. Por conta do começo da pandemia, os procedimentos foram suspensos no ano passado e o retorno deve acontecer de forma gradual.
De acordo com a unidade, a retomada está sendo feita conforme a capacidade operacional da unidade hospitalar, não deixando de priorizar o atendimento de urgência e emergência. “Nós entendemos a angustia de quem está aguardando há tanto tempo o retorno das cirurgias eletivas, mas isso deverá ser feito de forma gradativa, por vários motivos. O hospital tem que se reestruturar para atender essa demanda que vai ser crescente”, disse o diretor técnico da Santa Casa, Dr. José Roberto Souza.
Souza afirma que a ideia é de que haja um aumento de 25% a cada mês, até totalizar 100% em quatro meses, mas isso só será feito se não ocorrer nenhuma “complicação”. “O principal efeito adverso que pode barrar o retorno é que a pandemia ainda não acabou. Temos na Santa Casa um número bastante considerável de pacientes que deveriam estar sendo atendidos em outro hospital, a situação não está normalizada ainda. Estamos apenas considerando que ela está se normalizando, o que pode não ocorrer”, esclareceu.
Outro fator que pode dificultar o retorno são as medidas de biossegurança que devem ser seguidas por conta da pandemia. “O nosso ambulatório não suporta atender todo mundo que atendia antes com o plano de biossegurança que é exigido pelas autoridades sanitárias; não vai caber todo mundo lá respeitando os espaços e horários estabelecidos. Isso também é uma ação que vamos desenvolver com o retorno gradual das cirurgias”, assegurou o diretor técnico.
O agendamento será realizado conforme os encaminhamentos, que são feitos pela Central de Regulação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), após avaliação de cada caso. A gestão da fila de espera por esses procedimentos também é feita pelo município.
As cirurgias eletivas foram suspensas na Santa Casa em 20 de março de 2020, após recomendação do Ministério da Saúde e o decreto da Prefeitura de Campo Grande definindo situação de emergência no município em virtude da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a unidade, foram canceladas algumas cirurgias que estavam agendadas, não havendo novos agendamentos de cirurgias. Mesmo com a suspensão, o hospital continuou atendendo algumas cirurgias eletivas que não estavam agendadas, mas que tiveram agravamento do quadro clínico dos pacientes.
Outros hospitais
No HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), referência para o tratamento da COVID-19, em Mato Grosso do Sul, algumas cirurgias de baixa complexidade estão sendo realizadas conforme a demanda.
Segundo a unidade, no dia 15 de setembro estão previstos para que retornem os procedimentos cirúrgicos ginecológicos e, a partir dessa data, devem voltar de forma gradual outras cirurgias nas linhas assistenciais, como clínicas ou cardíacas.
Conforme o diretor-presidente do HRMS, Dr. Lívio Viana de Oliveira Leite, a retomada também depende da taxa de ocupação de leitos. “Estamos trabalhando com a taxa de ocupação de leitos abaixo de 85%; acima dessa taxa não é seguro estar operando, porque a gente tem de reservar leitos para pacientes COVID-19”, explicou.
Nos hospitais particulares, esses procedimentos já estão sendo realizados. De acordo com a Cassems, por conta da diminuição de casos de COVID-19, a unidade reiniciou a realização de cirurgias eletivas. “Desde o início da pandemia, a Caixa dos Servidores não deixou de cumprir os prazos eletivos, com a sua rede credenciada, dentro do processo de segurança”, informou, por meio de nota. Já a Unimed retomou esses trabalhos no dia 22 de abril.
(Texto de Mariana Ostemberg)