Ainda causa de morbimortalidade infantil, Saúde alerta para aumento da coqueluche

Foto: Reprodução
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A Bolívia, país que faz fronteira com Mato Grosso do Sul, enfrenta um surto de coqueluche, doença imunoprevenível (ou seja, que pode ser evitada com vacinação) e de fácil contágio. No Estado, já são três casos confirmados, o que não era registrado desde 2020.

Com o aumento dos casos, a SES (Secretaria Estadual de Saúde), por meio da Coordenadoria de Imunização, recomenda aos 79 municípios que intensifique a vigilância contra a doença, principalmente aqueles que fazem fronteira com a Bolívia.

Conforme a coordenadora estadual de Imunização, Ana Paula Rezende de Oliveira Goldfinger, a coqueluche representa importante problema de saúde pública e ainda é uma causa de morbimortalidade infantil, mesmo tendo as vacinas disponíveis e ofertadas de forma gratuita.

“A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de elevada transmissibilidade, mas também é uma doença imunoprevenível. Temos vacinas para prevenir a doença, então pedimos para que os pais fiquem atentos, que busquem a unidade de saúde, que levem a caderneta vacinal da criança para atualização, se necessário”.

Ainda segundo a pasta, algumas recomendações precisam ser tomadas, como aumentar as estratégias de vacinação com doses da vacina pentavalente e DTP; vacinar gestantes com a DTPA adulto e orientar aos trabalhadores da saúde sobre a imunização.

A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella Pertussis, tendo como principal característica crises de tosse seca podendo atingir, também, tranqueia e brônquios. Crianças menores de seis meses podem apresentar complicações da coqueluche que, se não tratada corretamente, pode levar ao óbito.

Fatores de Risco

Os principais fatores de risco para coqueluche têm relação direta com a falta de vacinação.

Nas crianças a imunidade à doença é adquirida quando elas tomam as três doses da vacina, sendo necessária a realização dos reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Pode ser que o adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, fique suscetível novamente à doença porque a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo.

Transmissão

A transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes. Isso é pouco frequente, porque é difícil o agente causador da doença sobreviver fora do corpo humano, mas não é impossível.

O período de incubação do bacilo, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer desde o momento da infecção, é de, em média, 5 a 10 dias podendo variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.

Sintomas

Os sintomas podem se manifestar em três níveis. No mais leve, os sintomas são parecidos com o de um resfriado, com mal-estar, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa.

Os sintomas iniciais podem durar até semanas, época em que a pessoa também está mais suscetível a transmitir a doença. No estágio intermediário da coqueluche, a tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada e pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração. A crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo.

Geralmente, os sinais e sintomas duram entre seis a 10 semanas, podendo durar mais tempo, conforme o quadro clínico e a situação de cada caso.

Na fase em que os sintomas são mais severos, dependendo do tratamento, podem durar até mais de um mês. É normal que adultos e adolescentes tenham sintomas mais leves em relação às crianças, já que a gravidade da doença também está relacionada à falta de imunidade e à idade.

As crianças, quando diagnosticadas com coqueluche, comumente ficam internadas, tendo em vista que os sintomas nelas são mais intensos, especialmente nas menores de seis meses, que podem apresentar complicações mais graves como infecções de ouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação, convulsão, lesões cerebrais ou até óbito.

Assim que aparecerem os primeiros sinais e sintomas, procure uma unidade de saúde para receber o diagnóstico e tratamento adequados.

Dados

Até o início de agosto, o Serviço Departamental de Saúde de Santa Cruz da Bolívia (SEDE), registrava aproximadamente 380 casos de coqueluche no país, distribuídos em 13 municípios. Conforme o gerente de Epidemiologia da SEDE, Carlos Hurtado, as cidades que registram infecções recentes foram Concepción e Roboré, a menos de 300 quilômetros de Corumbá.

Cabe destacar que em Corumbá, município mais próximo ao surto da doença, o índice de imunização está baixo. No primeiro semestre de 2023, apenas 38% do público alvo foi vacinado com a dose da pentavalente.

Em Campo Grande nos últimos anos o município tem registrado uma queda significativa da cobertura vacinal, dentre as doses que têm apresentado redução nas aplicações, está a pentavalente, que protege contra a coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e haemophilus influenza B.

O imunizante foi aplicado em apenas 79,53% do público-alvo em 2022, enquanto a recomendação do Ministério da Saúde é de 95% de cobertura. Até o momento, em 2023, somente cerca de 30% da população que deveria receber a dose foi vacinada.

A vacina pentavalente está disponível em todas as unidades de saúde da Capital e é aplicada as 2, 4 e 6 meses de idade. Outro imunizante que tem o objetivo de evitar a transmissão da bactéria é a DTP, que é um reforço ao anterior, e é ministrada aos 15 meses e 4 anos de idade.

Gestantes também devem receber uma dose extra de proteção contra a doença, através da vacina dTpa, que é ministrada a partir da 20ª semana de gestação ou, no caso daquelas que estão no puerpério e não receberam a dose, o mais brevemente possível.

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